segunda-feira, 14 de março de 2016

O Segundo Gato


Em cada gato há outro gato
um pouco menos exacto
e um pouco menos opaco.
 
Um gato incoincidente
com o gato, iridescente,
caminhando à sua frente
 
ou a seu lado,
espírito alado
do que é terrestre no gato.
 
É o segundo gato
que permanece acordado
com o gato afundado
 
em sono abstracto,
aos seus pés enrolado,
espécie de gato do gato.
 
Ou que, mais tarde,
deambula pela sala
enquanto o gato se lava
 
às vezes assomando
nos olhos do gato
como um passado imóvel
 
enclausurado.
O próprio gato
não sabe
 
que anda por ali
algo que não cabe
dentro nem fora de si.

(O Segundo Gato, Manuel António Pina in Todas as Palavras, Assírio & Alvim)
.

In your own sweet way, Miles Davis

8 comentários:

Duarte disse...

Um bom poema, mas este gato inspira ao menos dotado. Esse olhar felino e esses andares, são de gato que sabe ser gato, como o teu.
Como está ele?
Para ti, como sempre, abraços de vida

Clarice disse...



Que certos esses versos!

Justine, você vai se espantar com a diferença de sabor entre a fruta/goiaba) e o doce, com certeza. A fruta tem um cheiro bem acentuado. Hoje comi a primeira do pé da foto, bem pequena e de sabor bem mais suave e doce que as comuns.
Plantar de semente não tenho ideia de quanto tempo demora para crescer e frutificar. Eu comprei uma mudinha há menos de um ano e já tem fruto.
Se quiser experimentar plantar dessa que fotografei, procure por goiaba tailandesa. Não dá trabalho nenhum, aceita podas de contenção e de galhos e frutifica bem cedo. Para acelerar a germinação da semente use GA3. Beijo.

Mar Arável disse...

Venham mais cinco

Graça Sampaio disse...

Belíssimo poema que desconhecia deste grande amante de gatos (e da escrita)

Pensei que tinha adotado outro gato...

Beijinhos e ronrons...

Majo disse...

~~~
Tal como a Graça,
pensei que o Mounty tinha um companheiro...

Um poema singular
que muito agrada aos amantes dos bichanos.

~~~ Beijinhos MJ. ~~~
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Luis Filipe Gomes disse...

Por vezes somos como os gatos, é quando pensamos que temos alma.

jrd disse...

MAP sabia bem poemar sobre gatos.
:)

Rui Fernandes disse...

As minhas barrigudas pranhudas desapareceram. É sempre assim por esta altura. Daqui a uns tempos virão aqui ao Tremontelo mais magricelas que cadela vadias frequentadoras dos ecopontos. Outros tempos mais, e lá aparecerão cheias de rameludos ranhosos agarrados às fraldas das saias a reclamar paternidade. Bijos.