terça-feira, 9 de dezembro de 2014

BOAS FESTAS


Em nome da DonaMinha e do FazdeDono,
que andam muito atarefados sei lá com quê,
(e é melhor nem saber...)
 venho desejar a todos os amigos umas muito
 BOAS FESTAS!
E agora vou para dentro, que está a arrefecer.
Até para o ano!

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Boas Festas, Luís Morais 1996












domingo, 30 de novembro de 2014

Gostos...

 
 Fica-te bem, isso! diz-lhe ele.
Também, qualquer trapinho te fica bem! acrescentou

 
Ela sorriu  apaziguada,  de repente deixou de sentir dores,
e até conseguiu ouvir uma canção dentro do peito!

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With a song in my heart, Sonny Rollins and The Modern Jazz Quartet

domingo, 23 de novembro de 2014

Indecisão

 
 - Vou ou não vou? Sou prudente ou destemido?
 Ouço a razão ou a vontade?
 

Humm, se calhar é melhor não ir...
mas gosto tanto de beber água da chuva!
 

- Não vou! Bebo ali da tijela, sempre é mais seguro...

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Sweet and lovely, Thelonious Monk/John Coltrane at Carnegie Hall

domingo, 16 de novembro de 2014

Por caminhos de cabras







Caminhada circular de 10 Km pela Serra da Lousã, por trilhos entre
 soutos, azevinhos, silêncios, casas em ruínas, duendes e druidas!
Subida de 900 Metros
 - testar as pernas e saber até onde elas me levam.
Descida ao ponto de partida
 - testar a cabeça e saber até onde a posso levar.
Pelo caminho, aldeias de pedra, de uma beleza despojada e rude.
E silêncio, muito silêncio rodeado de verdes, muitos verdes.
Termino a caminhada com o corpo cansado,
mas com o coração lavado e o espírito cheio de autoconfiança!
 
 
 
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Lyric walz, Jazz Suite No.2, Dimitri Shostakovich, Concertgebouw Orquestra

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Questão de estatuto




 
Uma coisa é dizer que se tem no jardim vários pessegueiros,
duas oliveiras, macieiras e outras árvores de fruto;
 que por lá também coexistem duas pinheiras, uma magnólia,
 um medronheiro, um salgueiro e alguns carvalhos.
 Mas outra coisa bem diferente é dizer
que há no jardim uma liriodendron tulipifera,
(e ainda por cima um belo exemplar nas suas cores outonais),
o que altera de modo muito significativo o estatuto do jardim
... e dos seus donos!
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Autumn Leaves, Bill Evans Trio



segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Jornal de Parede

Procura-se jovem mulher, cheia de sonhos e de projectos,
dona deste mundo e do outro, e que foi vista pela última vez
 por volta de meados dos anos 60 do século passado.
Dão-se alvíssaras a quem a encontrar,
 de preferência de boa saúde!

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(PpP)
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Yesterdays, Miles Davis





domingo, 26 de outubro de 2014

Gosto da luz...


Gosto da luz violenta do sol ao meio-dia,
numa manhã de outono/quase verão,
a incendiar as folhas das árvores, a escorregar entre os ramos
e a desenhar uma mancha verde no chão.
 Só assim uma sombra faz sentido:
existe para amenizar a força do sol.
Complementam-se, sintetizam-se – como todos os contrários!
 
 
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(PpP)
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Blue in green, John Coltrane/Miles Davis
 
 
 

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Carpe diem



Vamos lá aproveitar este dia magnífico de sol,
e deixar para amanhã o que amanhã trouxer...
O poeta Horácio é que sabia!
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In your own sweet way, Miles Davis

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Casa arrumada


Casa arrumada é assim: Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa entrada de luz.
Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um cenário de novela.
 Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os móveis, afofando as almofadas...
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo: Aqui tem vida...
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras e os enfeites brincam de trocar de lugar.
 Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições
fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
- Sofá sem mancha?
- Tapete sem fio puxado?
- Mesa sem marca de copo?
- Tá na cara que é casa sem festa.
- E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.
Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.
Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante,
passaporte e vela de aniversário, tudo junto...
 Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda.
A que está sempre pronta pros amigos, filhos, netos, pros vizinhos...
E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca ou namora a qualquer hora do dia.
 Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.
Arrume a sua casa todos os dias...
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela...
E reconhecer nela o seu lugar.

(Carlos Drummond de Andrade)
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Body and Soul, John Coltrane (Coltrane's Sound, 1960)

sábado, 4 de outubro de 2014

Amor à terra



Parece um penteado africano.
Ou uma performance de artista conceituado!
É, tão só,(!) a arte milenar de trabalhar a terra,
de a compreender e de a amar!
 
 
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Come rain or come shine, Bill Evans Trio 



sábado, 27 de setembro de 2014

Por terras de Montemuro - V


 
E sabe sempre bem acabar os passeios
com alguns apontamentos literários:
vimos de longe a Torre da Lagariça, magnífico solar medieval
onde Eça de Queiroz passava férias, e onde escreveu
A Ilustre Casa de Ramires.
 
(até para o ano, para o próximo Festival de Teatro de Montemuro)
 
 
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Konsert i a-dur 1, Antonio Vivaldi
 

 
 

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Por terras de Montemuro - IV

 
 Queres conhecer a minha aldeia?
Então anda lá, que eu mostro


Aqui é a fonte de água pura e fresquinha,
onde  as vacas vêm beber ao fim da tarde


Esta casa está abandonada,
como muitas na aldeia.
É uma pena porque é muto bonita,
 mas é onde vou caçar os ratinhos do jantar!


Os canastros já estão quase todos em ruína
 - são outro fantástico local de caça...

 
E esta é a minha casa!
Queres entrar e comer uma cavaca?

(e lá fomos com a Cinzas, que tão elegante e hospitaleiramente
nos guiou pelas características da sua aldeia)

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Konsert i a-dur 1, Antonio Vivaldi

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Por terras de Montemuro - III

 
 Olham-nos tranquilas,
como se fossem donas do tempo


 
Observam-nos atentas,
como se a terra lhes pertencesse



Depois mostram-se indiferentes,
 como se nos conhecessem há muito!
 
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Konsert i a-dur 1, Antonio Vivaldi
 
 


segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Por terras de Montemuro - II


Entre o céu e a pedra permanece o sagrado,
ou o anseio do homem esquecer que é finito.

(na Capela de São Cristóvão, no cimo da Serra de Montemuro)


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Konsert i a-dur 1, Antonio Vivaldi

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Por terras de Montemuro-I

 
A serra e o horizonte
 
 
A aldeia e a intimidade
 
 
Os vales e a subsistência
 
(em passeio nas aldeias de Beirós e Felgueiras, Montemuro, pela mão amiga da O.)
 
 
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Konsert i a-dur 1, Antonio Vivaldi
 
 


segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Retrato

 
 
Se eu não morresse, nunca! E eternamente
Buscasse e conseguisse a perfeição das cousas!
 
in O Sentimento dum Ocidental, IV Horas Mortas,
Cesário Verde
 
(porque é o poeta que mais vezes te ouço citar...)
 
 
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Comme une absence, Anouar Brahem
 


domingo, 17 de agosto de 2014

Sons e silêncios num dia de verão

  

De repente, o silêncio perfeito. O vento que faz cair uma folha seca da nespereira. Um besouro que procura insistentemente um lugar seguro no alpendre para fazer o ninho. Uma abelha, num bzzz muito suave, vem visitar a minha perna nua. E o concerto harmonioso dos pássaros. Distingo três melodias, mas só identifico a das andorinhas, uma conversa constante e quase compreensível.
As outras, é um canto muito belo, quase assobio humano de alegria, e há ainda um chamamento persistente, urgente. Preciso de identificar estes cantos, preciso de os nomear para os sentir mais meus.
Aos meus pés, o meu gato adormecido sonha com ratos e cobras e gafanhotos.
Por um momento, um momento apenas,  perco-me no mais longínquo dos paraísos, na mais próxima das Pasárgadas...
 
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Come rain or come shine, Bill Evans Trio
 
 

sábado, 9 de agosto de 2014

Contrastes


A cinza e o sol


A pedra e a pétala


A aspereza e a seda
 
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Ain't she sweet, Benny Carter
 


domingo, 3 de agosto de 2014

Elegiazinha


ELEGIAZINHA
 
[i. m. nikita (gata da Inês)]

 
Gatos não morrem de verdade:
eles apenas se reintegram
no ronronar da eternidade.

Gatos jamais morrem de fato:
suas almas saem de fininho
atrás de alguma alma de rato.

Gatos não morrem: sua fictícia
morte não passa de uma forma
mais refinada de preguiça.

Gatos não morrem: rumo a um nível
mais alto é que eles, galho a galho,
sobem numa árvore invisível.

Gatos não morrem: mais preciso
- se somem - é dizer que foram
rasgar sofás no paraíso

e dormirão lá, depois do ônus
de sete bem vividas vidas,
seus sete merecidos sonos.

(in Parte Alguma, Nelson Ascher, Companhia das Letras)

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My funny Valentine, Gerry Mulligan Quartet

sábado, 26 de julho de 2014

Diálogo inesperado


- E o meu marido, que é tão teimoso!
-Ah, e é só o teu, não?

(ao cruzar-me com duas senhoras, à saída do supermercado...)


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Sweet and lovely, Thelonious Monk/John Coltrane











domingo, 20 de julho de 2014

Peniche - III



As entradas temidas


As saídas permitidas


Os voos sonhados 

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Não há música compatível com estas memórias. Façamos então silêncio...






segunda-feira, 14 de julho de 2014

Peniche - II



A beleza é sempre possível - até dentro de um forte que foi usado para as maiores barbaridades que o homem pode infligir a outro homem...

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Não há música compatível com estas memórias. Façamos então silêncio...

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Peniche - I


A viagem e a prisão.
A viagem dentro da prisão.
A viagem interior como fuga possível da prisão.

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Não há música compatível com estas memórias. Façamos então silêncio...