Noite de insónia. Insónia branca, com lampejos escarlate. Sobram-me braços e pernas, não sei onde os hei-de arrumar. A cama é demasiado pequena e um enorme campo de batalha. O tempo escorre-me pelos pensamentos em turbilhão, com ele a minha vida. Exausta, levanto-me aos primeiros sinais da manhã. Lá fora, os sons da cidade a acordar.
O meu gato costuma chegar a casa altas horas a cheirar a mato e a noite. Hoje, talvez por não haver lua, trouxe-me, pousado no dorso, um pirilampo aceso. Iluminou-me!
A arte de rua, a poesia; a dureza, a cor, a poesia; o mundo às avessas, os reflexos, a poesia; a reciclagem, a sobrevivência, um outro olhar, a Poesia.