quinta-feira, 30 de julho de 2009

Périplo americano V - New York dos postais

Fizemos tudo a que um turista honesto tem direito nesta cidade:
-subida ao Top of The Rock (terraço no 80º andar do Rockefeller Building), para ver Manhattan quase do céu

-dois dias no Museum Mile para visitá-los todos: o MAD, o Met, o Guggenheim, o Whitney, o Cooper-Hewitt e o da Cidade. De "barriga cheia", ainda reservámos o último dia para o MoMa. Valeu a pena


-três horas de cruzeiro de circunvalação a Manhattan, para uma piscadela de olho à Estátua da Liberdade e para admirar a cidade de dentro do(s) rio(s)


-visita ao mais belo edifício de Nova York- o Chrysler Building

-uma tarde de domingo no Central Park, para assistir a um concerto de música africana e ao espectáculo dos nova-iorquinos em total descontracção familiar


-admirar o tradicional fogo de artifício do 4th July, do terraço do nosso prédio

-flanar sem destino por Chelsea, Village e Soho, apreciando as velhas casas e namorando as modernas lojas de design


-dançar até quase ao esgotamento ao som de uma orquestra de swing num club de jazz, enquanto deixávamos arrefecer o jantar na mesa

-ouvir blues no "B.B.King" em Times Square, depois de termos falhado um espectáculo na Broadway que, como é de tradição, estava esgotado como todos os outros
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Depois disto, estávamos finalmente prontos para sentir o verdadeiro bater do coração da cidade
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'Round Midnight, Miles Davies/John Coltrane

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Périplo americano IV-Gatos brasileiros(divertimento)

O gato paulistano é pragmático, sofisticado, cosmopolita e egocêntrico


O gato carioca é doce, popular, bairrista e não prescinde de companhia

Donaminha, quando voltares ao Rio levas-me contigo?
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Samba de amor, António Carlos Jobim

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Périplo americano III - Leituras




A velhice. a metáfora. a história do homem. o rumo social. a velhice. a metáfora. a decadência. a vida. a velhice. a metáfora. a indiferença. a mentira. a velhice. a metáfora. o sarcasmo. a lucidez. a velhice. a metáfora. a realidade brasileira. o humanismo. a velhice. a metáfora.
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A maturidade literária de Chico Buarque De Hollanda. O prazer de viajar pelo passado e pelo presente do Brasil nas palavras certas de Chico.
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Valsinha, Chico Buarque

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Périplo americano II - Rio de Janeiro familiar

Há várias maneiras de conhecer o Rio de Janeiro. Pode-se, preguiçosamente, comprar uma viagem organizada e deixar-se guiar; pode-se começar por mergulhar nas páginas de Ruy Castro ou de Garcia-Roza e depois descobrir lá que tudo o que eles dizem é a pura das verdades; ou pode-se ser guiada pela mão amiga, disponível e conhecedora dos "primos" emprestados (mas nem por isso menos próximos). Assim foi da primeira vez, assim desta. E com eles, o privilégio de fazer vida de habitante da cidade, nesta visita-relâmpago de 3 dias:


sentarmo-nos a tomar um chopp na esquina do Bar 20 em Ipanema, apreciando o movimento de uma banca de jogo do bicho. De costas, o apontador

almoçarmos arroz com feijão e carne de sol no Centro Cultural Carioca , com vista para o austero edifício do Real Gabinete Português de Leitura

visitarmos na Caixa Cultural, por indicação do "primo", uma elucidativa exposição de fotografia sobre os índios da tribo Yanomami, desconhecidos para mim. No bar da Caixa, com um magnífico "trompe l'oeil" ao fundo, esta cena irresistível

deambularmos sem rumo pelo centro (mas com passagem obrigatória pelo Sahara), sempre enamorada das elegantes fachadas coloniais, que exibem com dignidade a sua idade avançada
passearmos ao fim da tarde para além da Barra da Tijuca até Grumari, para mais uma vez recitarmos Drummond (No meio do caminho tinha uma pedra/tinha uma pedra no meio do caminho/tinha uma pedra/no meio do caminho tinha uma pedra./Nunca me esquecerei desse acontecimento/na vida de minhas retinas tão fatigadas./Nunca me esquecerei que no meio do caminho/tinha uma pedra/tinha uma pedra no meio do caminho/no meio do caminho tinha uma pedra)

assistirmos a um show de samba popular, de homenagem a Chico Buarque, que nesse dia completava a bela idade de 65 anos. E sambámos, e cantámos, e emocionámo-nos.

E por fim, quase a despedirmo-nos dos amigos e da cidade, o inesquecível pôr-do-sol num dos já poucos paraísos ao cimo da terra, ali para os lados de Niteroi.
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Obrigada "primos", até sempre!
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Vai passar - Chico Buarque

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Périplo americano I - São Paulo surpreendente

São Paulo é uma cidade sofisticada e rica. Pois é, mas o mercado da Rua 25 de Março mostra a sua outra faceta de cidade popular e com uma enorme parcela da sua população a viver em precárias condições económicas.
É uma cidade moderna e apressada. Claro que sim, mas no Pateo do Collegio o tempo escorre devagar e pode facilmente imaginar-se como começou esta cidade, em 1554.

É a cidade dos negócios e do dinheiro. Também é, mas é igualmente uma cidade com uma enorme e diversificada oferta cultural, e a Livraria Cultura na Avenida Paulista, cheia de jovens a lerem e a trocarem impressões, é disso um sinal inequívoco.

É uma cidade perigosa e violenta. Pode ser, mas o que senti foi a afabilidade das pessoas na rua e a disponibilidade dos polícias, excelentes guias desta turista várias vezes perdida.

É uma "selva" de betão e trânsito. É sim, mas acabei por esquecer esse aspecto nos inúmeros jardins semeados de verde e de muitos museus, como são o Jardim da Luz e o Parque Ibirapuera

Será São Paulo uma cidade distraída e indiferente? Não me pareceu. Só como sinal, no Museu da Resistência encontrei vários de grupos de crianças que atentamente aprendiam com os adultos que as acompanhavam como tinha vivido o seu país no tempo da repressão .
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Cheguei lá com vários preconceitos. Olhei a cidade com lentidão e voltei conquistada.
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Janelas Abertas (João Carlos Jobim)

domingo, 12 de julho de 2009

Regresso a casa



Solitário. fascinante. insolente. ágil. misterioso. insubmisso. arguto. estimulante. independente. solidário. carente. meigo. dolente. caprichoso. feroz. curioso. independente. insondável. exaltante. sedutor. FELIZ por nos ter de novo em casa.
O meu querido, multifacetado gato.

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My funny Valentine- Gerry Mulligan/Chet Baker