Ritual

Não me canso de observar o ritual quotidiano da higiene do Mounty, porque estes movimentos repetidos, lentos, graciosos, são bem mais do que higiene: são uma dança de gestos, uma expressão de prazer, um ballet dançado só para ele.

Conotações positivas

E então, para aliviar o ambiente um pouco pesado do post anterior, ofereço-vos as rosas colhidas ontem no jardim de um amiga, flor cuja conotação, se alguma ainda tem, é com antigos milagres caridosos...

Apropriação indevida

De chrysanthème en chrysanthème... até ao dia de Todos-os-Santos e ao dos Fiéis Finados, como mandam os bons costumes.

Vem aí o frio

Já sei que, quando eles-os-"donos" começam a guardar toda esta tralha azul, é sinal que o frio e a chuva não tardam. Paciência, vai haver menos passeios no jardim mas mais colo-deles-os-"donos", o que também não é mau

Amor/Ódio

O único modo de nos conciliarmos com esta cidade barulhenta, poluída, violenta e antipática, é olharmo-la de longe e constatar a sua beleza luminosa

Tranquilidade

Tranquilamente deito-me ao sol, e observo de longe, saciado, o vôo sempre interessante de um pássaro, de um insecto, até de uma folha.

O outono cá de casa

Estamos ausentes uns dias, e quando voltamos, eis que o Outono se instalou, com todo o seu esplendor, no nosso jardim. Bem-vindo, pena que seja por escassas semanas.

Jogos de Sedução

Nos seus infinitos jogos de sedução, O Mounty tão depressa brinca comigo às escondidas com ar provocador, como, com a maior desfaçatez, se afasta indiferente para os seus retiros de solidão. Eu compreendo o seu comportamento felino e, alegremente, aceito o jogo.

Olhai as pervincas do campo...

Num canto do jardim onde ninguém planta nada nas tudo vai nascendo, este sorriso primaveril a imiscuir-se num outono feito de suavidades e cores quentes

Orgulho de mãe

Sem legenda, apenas com muita saudade

Sinais do tempo

A amenidade deste "verão indiano" pode levar-nos a imaginar que estamos mais perto do outro equinócio do que daquele que passou há um mês, mas a natureza não se engana, e aqui fica um sinal claro do tempo real, telúrico.

Na nesga de sol

Seria um crime não aproveitar estes quadradinhos de sol que entram pela janela da cozinha e se estendem até ao tapete da sala, e não ficar aqui no quentinho até que lá fora o sol, mais alto, vá dissipando o fresco da manhã. É muito bom poder escolher

Gatos de telhado

Para mostrar que não sou facciosa, aqui ficam os gatos de telhado sem dono, que se passeiam pelo pátio da minha irmã tentando, em vão, comovê-la, e que eu não me canso de fotografar.

Lindos e graciosos como todos os gatos.

Promessa

A azálea, carregada de botões, resolveu abrir duas flores precocemente, como que num piscar de olho prometendo exuberância. Mostrá-la-ei para a semana.

Meu gato em tons sépia

"Um gato vive um pouco nas poltronas, no cimento ao sol, no telhado sob a lua."

(Carlos Drummond de Andrade)

Orgulhos

Dizem que tenho uma cauda original, que me dá parecenças com os meus primos linces. Então, todas as manhãs dou uma atenção especial à sua toilette, para que o brilho do pêlo seja a bandeira do meu orgulho felino.

Despedida

A cor viva das flores vai-se despedindo do jardim, dando lugar aos amarelos das folhas, que começam a atapetar a calçada. Resistem ainda, embora timidamente, alguns gerâneos e verbenas, para alegrar a vista neste delicioso Outono.

Troca desfavorável

Nestes dias molhados é necessário trocar os relvados do jardim, onde há sempre passarinhos para namorar, folhas para perseguir, ratos para caçar, pelas confortáveis almofadas da casa, mas onde não há sequer uma mosca para distrair...sendo assim, dorme-se.

Espécie de adivinha

Não é calçada mas é pedra, não é portuguesa mas vem das nossas origens. Que poderá ser?