Foi um encontro casual, como todos os encontros empolgantes. Uma desordem repentina no tempo materializou ali, em cima do muro, o gato da minha infância, como uma miragem veemente e doce.
Ele, tranquilo e imponente, olhou-me com olhos insondáveis de quem percebe o mundo. Eu, perplexa e fascinada, aproximei-me em diálogo silencioso. Sugeri um afago, que ele permitiu distante e condescendente, contudo amável. E eu disse-lhe que o meu gesto era mais que uma homenagem à beleza e à sedução. Era um aceno de saudade ao tempo vivido. Ele entendeu.
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(Valsa para piano nº16, F.Chopin)