sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Parati, o rio de peixe na língua Tupi



Entrar em Parati é como entrar num livro de História. Um recuo no tempo. A ilusão de que acabámos de chegar ao "décor" de um filme de época. Nada mais falso...



Parati é uma cidade viva e pulsante. Há crianças barulhentas a caminho da escola, há gente ocupada em actividades económicas e culturais, há índios que, vindo mostrar o seu artesanato, tentam não abandonar a terra que já foi deles. E há, como em todas as cidades, gente a ver passar o tempo. Que parece não ter passado.
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Samba em Prelúdio(Baden Powell)

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Os trambolhões desta vida


Nem todos os calcanhares são iguais.
Há o daquele Aquiles, há o desta Aquela
… e há, claro, mais, muitos mais…
uns sem mazela, outros como o d’ela.

Aquele d’ Aquiles pouco me importa,
por algum lado lhe tinham de pegar…
O d’Aquela entrou-me pela porta,
com dor tamanha, daquelas de gritar.

Foi o perónio, disse o doutor.
Foi mas foi o raio que o parta,
pensou ela, irritada com a dor,
“estou mas é muitissimo farta”!

Com farturas ou sem farturas,
apenas tudo só começava.
Tala, canadianas, ligaduras.
Bem pior do que se esperava

Vai ser uma grande chatice.
Temos pois de estar à altura,
evitar toda a resmunguice,
fazer cara alegre à vida dura

Vai dar muito trabalho, ah! isso vai…
Complicado será o mês, dia a dia.
Olha! Pior seria, para quem cai,
se a queda desse em cirurgia.

Agora, há q' aguentar a carga diária.
Ter muita – mas muita – paciência
(que dizem ser revolucionária…),
fazer dela verdadeira ciência.

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(versos-para além da compreensão, ajuda,companheirismo - oferecidos gentilmente por SR. Fotografia do Hospital de...)
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Chopin, Nocturno para piano nº21(Maria João Pires)


sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Rio de Janeiro - 2 apontamentos finais

A cidade é uma intensa e empolgante teia de energias que começam a libertar-se, sem se saber ainda muito bem onde a irão levar.


Às esquinas da cidade há muita gente a viver mal, lutando e aguardando.
Com dignidade e paciência.
Fica-me a perplexidade das grades.
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Incerteza- António Carlos Jobim

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Pedaço de Rio conquistado ao mar


Deixemos descansar o ainda pouco conhecido Botafogo, a turística Copacabana, a popular Ipanema e o sofisticado Leblon, e passeemo-nos tranquilamente pelo Aterro do Flamengo, a paisagem que da "minha" janela enxergo quando estou em casa, no Rio. Magnífico parque urbanístico e paisagístico com mais de 7 quilómetros de extensão, está instalado em terreno que nos anos 50 do século passado foi roubado ao mar.




Pode ser apenas um parque onde se faz "jogging" ou se disfruta de um dia de praia. Mas pode ser também uma lição sobre inúmeras árvores exóticas ou sobre palmeiras que florescem uma única vez na vida e depois, tristemente, morrem. Ou ainda, se quisermos, um local de encontro com a arte, seja no Museu de Arte Moderna ou no Monumento ao Soldado Desconhecido.
E pode ser também o sítio ideal para encontrarmos o Lula e a Marisa, que fizeram de um dos canteiros do parque o seu lar ao ar livre.

De novo à "minha" janela vejo em frente o Parque do Aterro, o das múltiplas possibilidades. Os meus olhos contudo fogem já até ao céu cinzento anunciando Lisboa e eu deixo-os voar, numa despedida serena. Hás-de voltar, dizem-me as gaivotas. Por agora, "vou com as aves"...
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Janelas Abertas, DoBrasil(António Carlos Jobim)

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Rio de Janeiro revisitado


Ao fim de três encontros já nos tratamos por tu, a cidade e eu. Já me oriento sem mapas, já ouso sozinha caminhadas de descoberta e surpresa por alguns bairros da cidade. E ela, a cidade, revela-me a pouco e pouco a sua intimidade, os seus segredos, o seu quotidiano.


Primeiro revisito o Catete, bairro vizinho e histórico, fremente de gente e comércio de rua num bulício alegre, e onde já me são familiares os jovens do sebo e os funcionários do velho restaurante "Lamas". A novidade desta vez foi a roda de choro no Largo de São Salvador, ocupado pela Feira de Artesanato aos domingos, e onde convivem com palavras, música e vários tipos de bebidas todas as gerações da vizinhança. Apetece ficar o dia inteiro!


As fachadas dos edifícios antigos, de rosto enrugado mas orgulhosos do seu passado, são um dos meus fascínios nesta cidade. Perco-me pela Lapa, no Centro ou em Santa Tereza, enamorada e tecendo na minha imaginação fios de histórias e de pessoas que um dia habitaram estas casas.
Quantos romances a escrever!


Uma tarde meti-me no metrô e apenas acompanhada do último livro de Luiz Alfredo Garcia-Roza, que me ensinou o Rio ainda antes da minha primeira visita, segui sorrateiramente o Delegado Espinosa desde a sua delegacia em Copacabana até ao Bairro Peixoto, largo tranquilo e quase provinciano onde ele mora, sem esquecer a passagem pelo árabe da Galeria Menescal, onde ele sempre compra alguns quibes para o jantar.
Que exultante é esta miscigenação entre realidade e ficção!


É verdade que a mão amiga e sábia dos primos me mostrou caminhos, me desbravou recantos.
É certo que a cidade, hospitaleira, se revelou sem reservas.
É inegável que eu, por amá-la, cada vez a conheço melhor.
Assim, para a próxima vez, vai ser um encontro de velhas amigas! Me aguarde, Rio.
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Deve ser amor(Baden Powel)

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Mudando de hemisfério...

Ouço lá fora a chuva a cair brutal, insistente, tristonha, fria.
E neste momento quase diluviano recordo já com saudade a luz, o calor, a alegria tropical, apregoada por (in)visíveis trompetas triunfais.
(há uma semana, numa rua de Ipanema, a confirmar que "não existe pecado do lado de baixo do equador")

BOM ANO NOVO
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