sexta-feira, 28 de março de 2008

Interim poético





Um gato, em casa, sozinho, sobe
à janela para que, da rua, o
vejam.



O sol bate nos vidros e
aquece o gato que, imóvel,
parece um objecto.



Fica assim para que o
invejem - indiferente
mesmo que o chamem.



Por não sei que privilégio,
os gatos conhecem
a eternidade.



(Nuno Júdice)

quinta-feira, 27 de março de 2008

As mãos invisíveis

Saio de casa pela manhã , pelo caminho das imagens


e chego ao jardim. Que desconheço, que não reconheço

Que todos os dias se re-inventa e me surpreende.



E pergunto que multidão de mãos invisíveis tecem todas as noites estes milagres perturbadores, mudando paisagens e emoções.



Regresso a casa, humilde, silenciosa e transparente.



segunda-feira, 24 de março de 2008

All Blues

Há dias em que tenho vontade de fechar os olhos, refugiar-me na voz moribunda do Chet Baker e no gemido pungente do seu trompete, e deixar-me ir, guiada por eles, até ao outro lado da música e de todas as tristezas.

domingo, 23 de março de 2008

Sol pela janela

Gato observa
o desabrochar da alma
tarde amena!
R.Sant'Anna Reis

sexta-feira, 21 de março de 2008

A sagração da Primavera




Foi-se aproximando pé ante pé, para nos ir habituando devagarinho à sua magia pletórica, não por humildade, mas para nos tornar dependentes incuráveis do seu feitiço.E hoje chegou, em plenitude. Para ficar por três meses. Sei que vai ter os seus altos e baixos, mas quem os não tem?


quinta-feira, 20 de março de 2008

Dono do Mundo



O gato s'espreguiça
e o mundo...
pára num aplauso!
Sarita Barros

segunda-feira, 17 de março de 2008

Brincadeira adiada

Que aborrecimento, dono, sempre a teclar! Dá-me um pouco de atenção...

Anda brincar comigo um pouquinho, descontrais e o trabalho depois rende mais...
Mas decide-te de uma vez, já estou a ficar sonolento de tanto esperar
É mesmo a tua última oportunidade, senão desisto por hoje e vou dormir
Eu avisei, agora é tarde! Até amanhã, dono. Ron-ron-ron-ron-ron-ron



domingo, 16 de março de 2008

"Hier encore j'avais vingt ans..."


" en qué lugar, en dónde, a qué deshoras
me dirás que te amo? Esto es urgente
porque la eternidad se nos acaba..."
Jaime Sabines

quinta-feira, 13 de março de 2008

Interim poético


Pelo sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não frutos
Pelo Sonho é que vamos
Basta a fé no que temos,
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos
com a mesma alegria, ao que é do dia-a-dia
Chegamos? Não chegamos?
-Partimos. Vamos. Somos.
Sebastião da Gama


terça-feira, 11 de março de 2008

Amor à primeira vista

Ela aproxima-se lentamente, em movimentos coleantes. Ele, ainda intimidado, aguarda.

Ela, determinada, faz o primeiro gesto de sedução. Ele, já interessado,corresponde.

E em fulguração partilhada, como num feitiço, mergulham nos olhos um do outro. Amor à primeira vista.


domingo, 9 de março de 2008

Gaivotas galaico-portuguesas


Umas são galegas, outras portuguesas. Quem as distingue? Quem nos distingue? Para quê distinguir-nos?

sexta-feira, 7 de março de 2008

Ao sol (ainda) de inverno

Este solinho morno dá-me uma indolência que nem me apetece abrir os olhos

este fim-de-semana vou deixar pássaros e ratos passearem tranquilos por aí

e não vou fazer mais nada a não ser dormir. Que bom é ser gato nesta freguesia!

quarta-feira, 5 de março de 2008

As Cores do Minho

















Andam estes dias pré-primaveris, que eu acho que são duendes disfarçados de pintores loucos, a salpicar de cor e beleza as árvores, os montes e os caminhos minhotos, e nós, pobres mortais, que de sortilégios nada percebemos, deixámo-nos enfeitiçar, para sempre.



segunda-feira, 3 de março de 2008

A Casa Grande de Romarigães




Esperei que parasse o vai-vém de sons e silêncios. E só quando apenas se ouvia o tempo, abri os olhos e enfrentei a Casa acabada de sair das páginas da literatura para se colocar alí, à minha frente: magoada com a passagem para a realidade, as paredes têm feridas de chuvas e ventos, as janelas e as portas, fechadas, não são mais presságios de regressos nem recomeços, e a capela passou a ser lugar ateu.
Fechei de novo os olhos, tomei balanço, e voltei à voz de Aquilino.


domingo, 2 de março de 2008

Alto Minho e a irmã Galiza - dia II

Prosseguimos o nosso périplo minhoto, entrando em Valença, "tomada" pelos irmãos galegos às compras na praça central, transformada num simpático mercado, onde pequenas, antigas e belas casas são agora lojas tradicionais e restaurantes.

Saímos para, numa volta da estrada, perto de Monção, darmos de caras com a imponência granítica e oitocentista do Palácio da Brejoeira
Em Melgaço fomos surpreendidos com um inesperado e moderno Museu de Cinema, no centro histórico(sem falar numas "fatias paridas" como nunca na vida tinha provado, num célebre restaurante da terra...)
E em Ponte de Lima não fugimos à tradição, que nos soube muito bem: arroz de lampreia e rojões com sarrabulho. Escusado dizer que, depois do almoço, tivemos de atravessar duas vezes a ponte a pé...
E terminámos o dia, tranquilamente, na belíssima praça central de Viana do Castelo, com as gaivotas a trazerem até nós o cheiro do mar.
E amanhã ou depois, falaremos de Aquilino!