Entrei tranquila e curiosa na sala grande. Porque de longe a multidão me pareceu simpática e acolhedora, conversando e rindo em posições amigáveis.
Fui vagueando cada vez mais atónita por entre aqueles rostos impassíveis e indiferentes à minha presença, sentindo-me pouco a pouco inquieta, intrusa, isolada. Quase cercada. Como se tivesse devassado o encontro de uma sociedade secreta. Como se estivesse à beira de um perigo.
Incapaz de comunicar com aquele grupo coeso, cúmplice, poderoso e dominante, saí quase a correr, tentando não resvalar para um medo irracional.
Tal o poder das esculturas de Juan Muñoz.
(quero acreditar que outros visitantes da exposição tenham feito uma leitura diferente...)
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(Nocturno de Chopin, por Maria João Pires)