domingo, 20 de dezembro de 2015

Boas Festas



Boas Festas para todos,
boas férias para quem as tiver.
Cá estaremos para o ano!
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Comme une absence, Anouar Brahem


sábado, 12 de dezembro de 2015

Sons e ruídos


Ao longe, um galo canta a alegria da manhã que chega.
Lá em cima, no vizinho, o cão reclama com veemência
a sua condição de preso domiciliário.
Aqui, no jardim, as rolas continuam a namorar em surdina,
 e os melros disputam em berraria os vermes da relva.
Cá dentro, a dor na lombar desce com vagar até ao joelho
 e aí se demora, estridente.
É um novo dia que começa.
Aleluia!

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Body and soul, John Coltrane,

domingo, 6 de dezembro de 2015

Medidas

 
O pó mede-se por grãos.
A música mede-se por silêncios.
E a luz? Qual a medida da luz?
 

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Romance für eine kleine Nachtmusik, Mozart, Berliner Philharmoniler (Karajan)



domingo, 29 de novembro de 2015

Notas de Viagem





 
"...Ao longo de muitos anos os ciprestes regressaram na forma de pequenos desenhos a que eu chamava "ao sul", quadrados e quase escondidos e que eu partilhei apenas com pessoas muito próximas e queridas. Alguém ainda os tem.
 
Apanharam-me agora desprevenidos, transfiguraram-se, ganharam corpo e cor. Venceram os limites da janela e o abandono da planície e já não cabiam em mim."
 
(excerto do texto de José Mouga que acompanha a exposição "Notas de Viagem", patente no SPGL, Rua Fialho de Almeida, 3, Lisboa, que vale a pena visitar)
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Lyric Waltz, Jazz Suite No.2, D. Shostakowich, Concertgebouw Orchestra

domingo, 22 de novembro de 2015

Tempos de espera



 
Que bela está a nespereira na sua idosa imponência , 
rejuvenescida com a floração deste outono!
Agora, está a fazer as delícias de vespas, abelhas e abelhões,
 que não a largam em constante vaivém.
Depois, lá para a primavera, fará as delícias
dos da casa e dos que por cá passarem!
Haja pouca geada durante o inverno e paciência para esperar ...

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sábado, 14 de novembro de 2015

Realidade Distorcida




Haverá actividade mais fácil do que a distorção da realidade?
Até se pode considerar uma expressão artística!
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Trincheras/Decadence, Alberto Iglesias, London Session Orchestra



domingo, 8 de novembro de 2015

Ausências



Lá vão eles de novo, sei lá para onde! É um vai-e-vem contínuo, é um cá-e-lá sem descanso, e eu pra aqui fico sem colo da DonaMinha, sem os mimos do FazdeDono! Não admira que eu já esteja cheio de cabelos brancos e meio deprimido, com todas estas arrelias...

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Sweet and lovely, Thelonoius Monk/John Coltrane

domingo, 1 de novembro de 2015

Não se aprende


Não se aprende grande coisa com a idade.
Talvez a ser mais simples,
a escrever com menos adjectivos.
Demoro-me a escutar um rumor.
Pode ser o prelúdio tímido ainda
do cantar de um pássaro, uma gota
de água na torneira mal fechada,
a anunciação do tão amado
aroma dos primeiros lilases.
Seja o que for, é o que me retém
aqui, me sustenta, impede de ser
uma qualquer vibração da cal,
simples acorde solar, um nó
de luz negra prestes a explodir.

 Eugénio de Andrade, in O Sal da Língua
 
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Serenade no.3 in D Major, RV203, Mozart

                 

sábado, 24 de outubro de 2015

Provérbios cá de casa




Quem não tem cão...


...guarda a casa com gato!
 
 
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Sweet and lovely, Thelonious Monk/John Coltrane
 
 
 


sábado, 17 de outubro de 2015

Talvez de noite


À minha volta tudo envelheceu
como se fosse eu, e no entanto
uma casa, ou um espaço em branco
entre as palavras, ou uma possibilidade de sentido.

Pois nada 
surge com a sua própria forma.

Digo "casa", mas refiro-me a luas e umbrais,
a lembranças extenuadas,
às trevas do corpo, lúcidas,
latejando na obscuridade de quartos interiores.

E digo "palavras" porque
não sei que coisa chamar
à mudez do mundo.

E digo "sentido" sufocado
sob o pensamento
tentando respirar
a golpes de coração,
agora que se desmorona a casa
sobre todas as palavras possíveis.

(Talvez de noite, Como se Desenha uma Casa,  Manuel António Pina, in Todas As Palavras, poesia reunida)

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Nocturno no.20 B49, F. Chopin (Maria João Pires)

domingo, 11 de outubro de 2015

As Conserveira






Morreram quase todas - no Algarve, em Setúbal, em outros locais da nossa costa. Da hecatombe em Matosinhos salvou-se esta, com produtos de alta qualidade em modo de fabrico artesanal. E, num gesto de resistência e bom gosto, preserva este hall de entrada intacto, a atestar a dignidade do edifício e das gentes que ali trabalham.
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E la nave va, Anouar Brahem





sábado, 3 de outubro de 2015

Hoje é especial...


Lá foi a DonaMinha com o FilhoteDela, rumo a Lisboa,
para votar amanhã.
Desta vez não me importo que ela nos deixe sozinhos,
a mim e ao FazdeDono. 
Mesmo assim, prefiro ficar aqui em cima -
 vejo-a mais depressa quando ela regressar!
Até amanhã DonaMinha, e cá fico a torcer... 
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Sweet and lovely, Thelonious Monk/John Coltrane

domingo, 27 de setembro de 2015

Algumas questões filosóficas...


Porque será que este ano os pássaros voam mais alto?
 E os ratos correm mais depressa?
Fico a vê-los ao longe, como que a rirem-se de mim!
Não sei o que se passa, mas sinto-me um pouco triste...

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Sweet and lovely, Thelonoius Monk/John Coltrane

domingo, 20 de setembro de 2015

A Luz de Lisboa




Celebrada por tantos pintores, poetas, fotógrafos e demais artistas, a luz boa de Lisboa é, faça chuva ou faça sol, uma bênção para nós, seus moradores. Nela diluímos a dureza de alguns dias, com ela enfeitamos a alegria de tantos outros.
 
A Luz de Lisboa é também uma excelente exposição patente até Dezembro no Torreão Poente do Terreiro do Paço.

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Verdes Anos, Carlos Paredes
 

domingo, 13 de setembro de 2015

A sala de visitas


Apesar do céu carregado de chuva e da teia de aranha por cima,
será sempre uma praça aberta ao mar e ao mundo,
a esplêndida e imponente sala de visitas de Lisboa! 
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Verdes Anos, Carlos Paredes


sábado, 15 de agosto de 2015

...Lisboa e Tejo e Tudo...


...Nada me prende a nada.
Quero cinquenta coisas ao mesmo tempo.
Anseio com uma angústia de fome de carne
o que não sei que seja -
Definitivamente pelo indefinido...
Durmo irrequieto, e vivo num sonhar irrequieto
de quem dorme irrequieto, metade a sonhar.
(excerto de Lisbon Revisited, Álvaro de Campos)
[aproveito e embarco, contando voltar lá para Setembro.
 Boas Férias]
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E la nave va, Anouar Brahem

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sábado, 8 de agosto de 2015

o camuflado


Sentindo-se invisível, deixou-se fotografar
sem medo, como que fazendo pose.
 
Bichinho simpático, o verde gafanhoto,
 quase uma outra folha da lúcia-lima...
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Blue in green, John, Coltrane/Miles Davis

domingo, 2 de agosto de 2015

A jovem ameixoeira








Generosa como só os seres de boa natureza sabem ser,
a jovem ameixoeira oferece os braços e os frutos aos amigos
 que nos visitam, aos melros, e ainda sobra para nós!
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Ain´t she sweet, Benny Carter

domingo, 26 de julho de 2015

O mais belo quadro...

domingo, 19 de julho de 2015

Charrua

 



Vale a pena visitar a retrospectiva deste pintor,  
surpreendente no seu ecletismo
 e no vigor da última fase do seu percurso artístico.
Excelente exposição, bem organizada pelo CAM.
 
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Passin' it around, Coleman Hawkins
 
 



domingo, 12 de julho de 2015

Dez Reis de Esperança


 Dez reis de esperança
Se não fosse esta certeza
que nem sei de onde me vem,
não comia, nem bebia,
nem falava com ninguém.
Acocorava-me a um canto,
no mais escuro que houvesse,
punha os joelhos à boca
e viesse o que viesse.
Não fossem os olhos grandes
do ingénuo adolescente,
a chuva das penas brancas
a cair impertinente,
aquele incógnito rosto,
pintado em tons de aguarela,
que sonha no frio encosto
da vidraça da janela,
não fosse a imensa piedade
dos homens que não cresceram,
que ouviram, viram, ouviram,
viram, e não perceberam,
essas máscaras selectas,
antologia do espanto,
flores sem caule, flutuando
no pranto do desencanto,
se não fosse a fome e a sede
dessa humanidade exangue,
roía as unhas e os dedos
até os fazer em sangue.
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António Gedeão
 
 
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Romance from Eine kleine Nachtmusik, Mozart,

Berliner Philharmoniker Orchestra(Karajan)

 


sábado, 4 de julho de 2015

Os meus ossos...


Ah, com almofada fico muito mais confortável!


Até está a chegar-me sono!


É que os meus ossos já não aguentam o dia todo no cimento...


Obrigado pela atenção, DonaMinha!
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Sweet and lovely, Thelonious Monk/John Coltrane

domingo, 28 de junho de 2015

Vivá originalidade!



Maneira irónica e original de identificar
as casas de banho num restaurante em Beja!
 
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 Young and foolish, Bill Evans
 

sábado, 20 de junho de 2015

O meu cacto eterno....


Todos os anos, mais ou menos no mesmo dia
 e quase, quase à mesma hora, ele começa a sorrir!
Perde o seu ar austero, duro, zangado com o mundo e amacia:
 enternece-se com o sol e a vida e saúda-me com alegria!
É o meu cacto eterno, enquanto durar...
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Tenderly, Bill Evans



sábado, 13 de junho de 2015

Humor brasileiro


Os homens nascem iguais, mas no dia seguinte já são diferentes
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A forca é o mais desagradável dos instrumentos de corda
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Este mundo é redondo, mas está ficando muito chato
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Devo tanto que, se eu chamar alguém de “meu bem”, o banco toma!
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Viva cada dia como se fosse o último. Um dia você acerta…
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Quem ama o feio é porque o bonito não aparece
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Pobre quando come frango,um dos dois está doente
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A sombra do branco é igual a do preto
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A pessoa que se vende sempre recebe mais do que vale
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Senso de humor é o sentimento que faz você rir daquilo que
 o deixaria louco da vida se acontecesse com você


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[Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly, também conhecido por Apporelly e pelo falso título de nobreza de Barão de Itararé (Rio Grande, 29 de janeiro de 1895 — Rio de Janeiro, 27 de novembro de 1971), foi um jornalista, escritor e pioneiro no humorismo político brasileiro]

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Young and foolish, Bill Evans


quinta-feira, 4 de junho de 2015

Luxos


Gosto muito desta cama, DonaMinha! Bem, se  tu dizes
que são azulejos do século passado,  eu acredito...


...mas o que realmente me interessa
é que aqui estou abrigado da nortada.
E durmo descansado...


Por falar nisso, até logo! Quero lá saber que seja um luxo:
é só o resto de uma velha pia de cozinha que deu uma bela cama!
 
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In your own sweet way, Miles Davis
 
 


sábado, 23 de maio de 2015

O ciclo da vida




O privilégio de viver junto da natureza.
De viver com a natureza.
De assistir dia a dia ao ciclo contínuo da vida!
 
( e porque é primavera, vou ali e já venho...) 
 
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Spring is here, Bill Evans Trio
 
 
 
 



domingo, 17 de maio de 2015

Tapeçarias de Portalegre






Magníficas artesãs! Mãos femininas milagrosas!
Artistas que produzem beleza,
num trabalho colectivo
de enorme rigor técnico e estético!

(obras revisitadas no Mercado do Bom Sucesso, Porto)
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Concerto para piano e orquestra nº2, op.21, F. Chopin