No céu de cima vivam os deuses que mandavam. No céu de baixo, os deuses que trabalhavam.
E assim foi, até os deuses de baixo se fartarem de viver para trabalhar e terem feito a primeira greve da história universal.
Espalhou-se o pânico.
Para não morrerem de fome, os deuses de cima amassaram em barro as mulheres e os homens e puseram-nos a trabalhar para eles.
As mulheres e os homens nasceram das margens dos rios Tigre e Eufrates.
Desse barro foram feitos, também, os livros que o contam.
Segundo dizem esses livros, morrer significa regressar ao barro."
( De Barro Somos, in Espelhos, Eduardo Galeano, Ed. Antígona, pag. 19)
8 comentários:
Belo texto! Nunca li nada dele... Shame...
"Conheço-o" de o ouvir nos vídeos. Não tenho nenhum livro dele. Uma falha a colmatar.
Uma surpresa! Não a referência a Eduardo Galeano, mas a ligação inesperada e quase comovente ao nocturno de Chopin. Este post juntou o que, em separado, pareceria inajustável. Foi bom (e pungente) de ouviler.
Lindíssimo e copiei para recordar
Nunca li nada dele!
Somos mesmo de barro, por isso frágeis!
Gostei!
Abraço
Frágeis como o cristal
mais fortes que o seu brilho
Bj
Já li alguns livros dele, às tantas foste tu que mos emprestaste. Gosto muito da sua filosofia chã.
O barro, a argila, o pó.
As flores dos muros. As minhas duraram 3 dias, papoilas só vê-las e acenar.
Tudo tão efémero que o amor nos aperta os olhos, numa fresta quase húmida de lágrimas.
Bjinho
Ah... e quando vi "da guerra" ... das guerras
lembrei-me logo de saber desde sempre que "o paraíso ficava nessa terra de leite e mel" entre o Tigre e o Eufrates.
B
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