domingo, 13 de dezembro de 2020

Tempo de sonhos adiados


É bom concretizar sonhos, e este há muito que andava a ocupar espaço dentro de mim, avolumando-se cada ano que passava. Com o Quarteto de Alexandria, tinha eu tido contacto nos anos 80, e depois de tê-lo lido a primeira vez reli-o e voltei a relê-lo, ciclicamente. Sempre dizendo que um dia haveria de me passear em Alexandria pela mão de Lawrence Durrell.

Há muito que tinha descoberto o gosto de conhecer uma cidade pela mão de um escritor: o Rio de Janeiro e Luíz Alfredo Garcia-Roza, o Mindelo e Germano Almeida, Nova York e Philip Roth ou Paul Auster.

 E a hora de Alexandria surgiu, em jeito de prenda de aniversário, no início da década de 2010!

Foram dias intensos de descoberta, em que sonho, literatura e realidade se interligaram de modo indelével: como hotel escolhemos o Cecil, onde Justine e Darley se encontraram pela primeira vez; numa noite especial tomámos uma bebida no Bar Mountolive; caminhámos a pé pela meia-lua da Corniche; passámos um dia em visita à  casa do poeta Konstantínos Kaváfis; perdemo-nos pela Rua Fouad, à procura de Clea; tomámos um chá no Café Al Aktar, mas não encontrámos Balthazar; e todo um dia foi pouco para apreciarmos a Biblioteca!

É bom concretizar sonhos! É bom recordar, neste tempo de sonhos adiados!


Rabih Abou-Khalil, Roots and Sprouts


 

12 comentários:

UmaMaria disse...

Que belo post!
Acho que vou reler o Quarteto antes do Natal!

Luis Filipe Gomes disse...

Muito bonita a tua memória. Gostei da música.Tenho algures música dos chamados Musiciens du Nile não a ouço faz tempo. Vou procurar os discos.

Rosa dos Ventos disse...

Que bela recordação!

Abraço

Justine disse...

UmaMaria, relê sim, encontra-se sempre algo de novo - a obra é a mesma, mas os nossos olhos vão vendo coisas diferentes de acordo com a nossa vivência

Justine disse...

Luís Filipe, cada vez gosto mais do som do alaúde, nestes tempos de ruído insuportável a sua música, ou a de Anouar Brahem ou a de tantos outros, reconforta-me

Duarte disse...

A combinação entre memorias e boa música é gratificante.
Também digo e acrescento que as cidades são livros que se devem ler com os pés.
Abraço

bettips disse...

Gostei de recordar o que pela tua mão conheci. Ando em re-leituras, por isso vai chegar a vez do "Quarteto". E como diz Duarte, com livros sonha-se mas andar neles, nos lugares, é o melhor que nos acontece.
Ou sonha-se, imagina-se - e partilha-se, como o fizeste. Também é bom!
Obg
Bjinho

UmaMaria disse...

Eu estou a destralhar a minha casa pois vou fazer obras de remodelação. Tenho encontrado livros em que não tocava há séculos...

Majo Dutra disse...

Música e um pedacinho de literatura de viagens deliciosos...

Em recesso, passo para desejar dias agradáveis e felizes.

Tudo pelo melhor. Beijinho
~~~~~~~~~~~

brancas nuvens negras disse...

Que interessante o seu blog. Voltarei.
Boa Noite.

anamar disse...

Zé,

de Roth, qual o livro que leste sobre o tema?

Bj

Justine disse...

Anamar, li quase todos os livros de Roth em português, e muitos deles são passados em NY.
Contento por estarmos na conversa!