domingo, 10 de julho de 2022

As Janelas


 As janelas

por onde entram as silvas,

a púrpura pisada,

o aroma das tílias, a luz

em declínio,

fazem deste abandono

uma beleza devastadora

e sem contorno.


(in Rente ao Dizer, Eugénio de Andrade)


.Nocturne op.9, no 1, F. Chopin

5 comentários:

Rosa dos Ventos disse...

Uma terrível beleza!

Abraço

M. disse...

Na beleza das coisas nos apoiamos para não desmoronarmos.

Anónimo disse...

Ah... este nosso "amor" de homem!
Eugénio, a sua textura escorrida, de poucas palavras e sentimentos IMENSOS. Tão bonito.
Um dia destes passei e olhei a sua casa fechada, na Foz, lembrei o gato, os horizontes, os amigos com quem falava, a suavidade, os papeis e os livros. Inesquecível.
B

vizinhança triste disse...

O regresso frequente a Eugénio? Benvindo seja!
Mas... as janelas! As janelas assim são os olhos vazios de uma lamentável cegueira, de uma ruína consentida por alguma herança desavinda entre parentes cúpidos. Estúpidos.

Duarte disse...

Uma casa assim merece ser conservada. Quanta vida vivida detrás dessa porta! E o luar a entrar pelo telhado e os aromas da terra pelas janelas.
Boa combinação com o Eugénio.
Abraço de vida.