Vila do Conde, cidade luminosa envolvida em águas e enformada na história granítica dos seus edifícios bem conservados, é como uma senhora idosa e sofisticada que serena e graciosamente se deixa descobrir.
Comecei por descobrir que foi espoliada dos seus estaleiros navais pela indiferença e incúria criminosas de alguns homens. Dessa arte destruída nos dá testemunho orgulhoso o Museu da Construção Naval, instalado no magnífico edifício da Alfândega Régia.
Descobri depois que as mulheres, teimosamente, continuam a tecer as rendas de bilros, assumindo o papel quotidiano de fadas temporárias que, contra a severidade dos dias, insistem em criar fulgurações de beleza. E de perpetuarem o seu saber, ensinando-o às novas gerações.
Por fim descobri a dignidade e a elegância das suas ruas estreitas e dos largos silenciosos.
E , mais importante que tudo, descobri que uma cidade não nos serve de nada se não partirmos com a certeza calma de termos começado a tecer, de forma lenta mas segura, uma renda de amizades com os nossos anfitriões.
Valeu a pena a viagem!
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Sophisticated Lady, Duke Ellington
40 comentários:
Uma viagem intimista pelo coração de uma Cidade.
Muito belo.
Nem imaginas até onde me conduziste...
Eu que tantos verões por lá passei.
Obrigada pela viagem no tempo e na terra.
Beijoca "from" Fig.
:))
Já fui muitas vezes a Vila do Conde, cidade de que gosto muito, mas que fiquei a admirar muito mais depois da tua descrição(prosa poética), fotografias e música. Só lamento não ter podido estar lá convosco.
Mais um beijo muito amigo.
Para onde fui tantas e tantas vezes,morou lá meu tio.
Ainda hoje vou,poucas vezes já,merendar numa daquelas esplanadas voltadas para o mar,com sorte,encontrar algum amigo do mar,recordar,....
Um abraço,
mário
Saborear essa mistura em que tão bem juntas os ingredientes amassados com o companheirismo, a amizade, a camaradagem, a luta.
E estava sol. E havia crianças.
O Duke em visita à vila do Conde, com excelente guia em prosa e foto!
Em relação ao comentário anterior, a presença dos 2 aristocratas é pura coincidência musical, e nada tem a ver com preferências quanto a essa classe social:))))
"Vila do Conde espraiada
Entre pinhais rio e mar..."
Tenho que reler este belo poema de José Régio que tu me trouxeste à memória!
Uma excelente reportagem!
Abraço
Todas as viagens valem a pena se nelas tecemos a tal renda de amizades...
Um beijo.
Gostei da partilha...do bom gosto.
Abraço
Passei por lá dezenas de vezes e nunca parei para visitar. Pelos vistos perdi coisas boas.
Beijinho
lindissimo
tenho de la ir
Bjinhos
Paula
Coisas lindas que tu teces.
Beijinhos
:))))
AMIGA
VIAJAR vale sempre a pena.
Seja em pensamento ou de outra forma. Digo-o por experiência.
Todos os dias viajo...
Por aqui, nos meus 2 blogues estou a fazer uma experiência, ou seja, comecei a história num blog e continuo a mesma história no outro blog...para ver se as pessoas mostram interesse em fazer o seguimento da história...
mas sabes uma coisa?
Ninguém liga a nada disso...
Ou vão a um e depois não vão ao outro, enfim...
As pessoas já não se interessam por estes desafios, estão meio drogadas, não reagem a nada...possas.
UM DIA DIFERENTE E BEM PASSADO
Ando a dizer há umas semanas que o mês de MAIO está a ser muito intenso, de saídas em grupo e ao mesmo tempo cansativo.
Logo no dia 1 de Maio passei o dia numa Quinta em que o "azulejo" é Rei. O dono da Quinta faz pintura em azulejo entre outros hobbys e eu mostro tudo isso e o que mais se passou na tal "Quinta"...ficaste curiosa?
Então vem espreitar...
e, garanto-te que te vai crescer água na boca.
Outra notícia: acabei de montar outra exposição de fotografia que vai ser inaugurada na próxima 6ª feira.
Uffff...que alívio...agora já sei que correu tudo bem e está bonita.
Pena não viveres aqui mais perto, vinhas ver.
Boa semana para ti.
Beijokas.
Vieste aqui tão perto e não me vieste ver à minha Póvoa?!
Mas concedo... Vila do Conde é bem mais bonita!
Conheço mal Vila do Conde.
(Ruborizo por essa razão e, sobretudo, por não ter cuidado de parar o tempo suficiente para encurtar a distância entre Lisboa e a Vila do Conde.
Saudações
já não me lembro de por lá ter passado , mas recordo perfeitamente a minha avó a fazer renda de bilros, sempre . Ainda aprendi quando era miuda e há uns anos quiz retomar mas tinha de ir a Peniche duas vezes por semana para trabalhar com uma rendeira e nem sempre era fácil. Mas ainda não perdi de todo o gosto , embora a renda de Vila do Conde seja diferente da de Peniche;
boa descrição do local visitado !
Justine, muito breve irei (tenciono) a Vila do Conde, mais concretamente a Esposende, a uma apresentação de um livro da uma amiga. São rendas de afecto que me levarão lá, porque os bilros da memória, esses, têm um toque similar na minha terra de adopção, Peniche (sou nascida em Lisboa).
Também lá, em Peniche, as mulheres são fadas que esperam, quais Penélopes, o regresso das marés.
Adoro lê-la, ver as fotografias. Gosto deste lugar de afecto :)
Justine, um abraço carinhoso daqui
Mel
Lindíssimas fotos.
A penúltima parece estátuas em bronze.
Como gostaria de ver o que os teus olhos em qualquer lugar contemplam.
Gd BJ,
GR
E não falaste do bem que se come por ali...
É uma terra de rio abraçado a mar e dores antigas. As rendas como espumas. Teimosas mulheres!
Uma das minhas preferências há muitos anos - gostaria de aí viver (perto do forte)e ia lá muitas vezes, de comboio.
Belo o que falaste da Vila e das pessoas.
Bj
Palavras lindas com que bordas as fotos (ou teces as rendas da amizade...)
Na cidade dos canais vou lembrar-te.
Beijo.
Vale a pena a viagem da nossa vida, com encontros e desencontros e com momentos ÚNICOS como este fim-de-semana, aqui em Vila do Conde.
Um grande abraço amigo, desde Vila do Conde,
Jorge
P.S. OBRIGADO.
E também foi espoliada do "Bom Doce" onde havia uns pastéis que faziam a delícia da minha mãe!
Que paisagens!
Aqui ainda restam as rendeiras(de bilro), descendentes das que vieram de Portugal.
Abraço.
Partilha de um passeio bem enriquecido com belas imagens! e tão azul que anda o nosso céu, apetece mesmo passear...
Bjs
A cidade é mercedora da visita e dos elogios 'tecidos'. O teu retrato faz-lhe justiça. Faço votos de que a 'renda' iniciada se multiplique e permaneça.
a cidade é linda!
Lindo o teu texto, Justine, e as imagens também. Gosto muito destes largos silenciosos onde falamos baixinho e nem sabemos porque. Esse céu meio Primavera meio Verão...
A SURPRESA JÁ CHEGOU
ao blog,
que é específico aos meus
"MOMENTOS PERFEITOS"
vou dedicar
os próximos posts
a.......
Saudades as que tenho desta terra, na que fui pescar muitas vezes com o meu pai, ou à praia; ou simplesmente a perder-me pelas ruas estreitas, ou a ficar a ver como a maré cheia enchia o Ave e as terras da Azurara... e os pés do meu avô de peixes.
Essa beleza das rendas de bilros nas que as rendilheiras pretendem alcançar a perfeição.
Ali está esse imenso bloque de granito, régio e elegante, no que o meu pai colaborou na sua restauração... o convento de Santa Clara.
O circuito de automobilismo!... pode que já nem exista, ali mesmo ao lado do castelo.
Obrigado, fizeste-me feliz. Só lamento não ter estado convosco.
Um grande abraço
conheço bem vila do conde; gostei de a rever e de a reviver, descrita pelo teu olhar e pelo teu sentir.
tenho passado sem deixar comentários, pois até dia 3 de Junho ando esfalfada com trabalho.
um abraço, justine
Bela homenagem a Vila do Conde e às amizades. Com o Quarteto fazem-se sempre viagens agradáveis com as fotos e com a descrição.
Obrigada, Justine.
hahaha
realmente podiam estar mais animadas
tem um lindo fim de semana
Bjinhos
paula
Para que serviriam as viagens, sem olhos assim?
Beijo.
Gostei imenso de toda a reportagem: das palavras, das imagens, da música de fundo. Não deixo de a ver como uma homenagem ao Norte, casa minha. Que voltes sempre, que é raro encontrarmos repórteres assim :))
Obrigada e bom fim de semana.
Várias as rendas. De paisagem, de gentes, de afectos, de olhares conhecedores e curiosos. Que bom andar assim a viajar contigo!
Na viagem a descoberta de novos caminhos, poentes e pontes como desafio de partidas...
Abraço,
Chris
Por acaso não conheço... e fiquei com vontade de conhecer.
Gosto sempre do teu modo de falares das tuas viagens. É muito humano, esteticamente humano.
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