domingo, 11 de dezembro de 2011

Solidariedade

Vamos, dêem as mãos.
Porquê esse ar de eterna desconfiança?
esse medo, essa raiva?
Porquê essa imensa barreira
entre o Eu e o Nós na natural conjugação do verbo ser?
.
Vamos, dêem as mãos.
Para quê esses bons-dias, boas-noites,
se é um grunhido apenas e não uma saudação?
Para quê esse sorriso
se é um simples contrair de pele e nada mais?
.
Vamos, dêem as mãos.
Já que a nossas amargura é a mesma amargura,
já que a miséria para nós tem as mesmas sete letras,
já que o sangrar dos nossos corpos é o vergão da mesma chicotada,
fiquemos juntos,
sejamos juntos.
Porquê esse ar de eterna desconfiança?
esse medo, essa raiva?
Vamos, dêem as mãos.
(Solidariedade, Mário Dionísio, in Poesia Incompleta)
.
Ask me now, Thelonious Monk

28 comentários:

João Roque disse...

Além do mais, é tão fácil...não custa nada.

jrd disse...

É preciso dar as mãos e fechar o punho.

mfc disse...

Foi sempre importante... e ainda mais nos tempos que correm!
Um bom final de domingo para ti.

M. disse...

Tão bonito o texto e tão humanas as perguntas. Tão afectuoso o conselho.
Gostei muito.

R. disse...

Um imperativo, sem dúvida. E que a todos pode beneficiar, independentemente do grau e tipo de carência individual.

Muitíssimo pertinente... e urgente!

Um abraço com os votos de uma boa semana, e se possível, plena de bons exemplos.

lino disse...

Demos, então, as mãos, amiga!
Beijinhos

Sara disse...

Que maravilhosa mensagem aqui deixas e que bela forma de a transmitir. Só me resta apreciá-la, no seu conteúdo e forma, e esperar que não tenha uma natureza sazonal, mas que se espraie por todos os dias do ano.
Beijinho e uma boa semana.

Clarice disse...

Tem hora de dar as mãos e tem hora de ocupar as mãos. Bela escolha de poesia e imagens.
Abração e boa semana.

bettips disse...

"Ali Bábá e os 40 Ladrões" - foi o que me lembrei ao ver os potes de azeite com mãos.
E os ladrões bem se juntam, nos parlatórios! Nas Ximeiras!

Solidários seremos então, os outros, juntos em corrente, sem caridadezinhas mas voluntários no amor ao próximo, todo o ano.
Bjinho

Fernando Samuel disse...

É tão simples!...
E o Futuro precisa tanto disso!...


Um beijo.

GR disse...

Quem dera que este poema fosse ouvido, hoje mais que nunca.

BJS,

GR

Mar Arável disse...

O Mário Dionisio

foi sempre um Homem
de mãos dadas

Sublime

Graciete Rietsch disse...

Mário Dionísio, Justine e música, que maravilhosa combinação!!!!
"Vá,dêem as mãos". Ouçamos bem esta expressão e pratiquêmo-la.

Um beijo.

Anónimo disse...

Demos as mãos, mas não deixemos entrar a Merkel no jogo, Justine, caso contrário ela leva-nos os anéis :-)

mãos dadas, punho erguido disse...

Dar as mãos... O gesto aparentemente fácil, poeticamente simples, musicalmente certo.
Mas... e a confiança? Em quem? Em quem nos diz que vamos todos no mesmo barco e que temos de dar as mãos, nós os que somos feitos náufragos e os navegam a fazer dos outros náufragos?
O humano não é uno. Temos de NOS dar as mãos. É o NOSSO gesto. Com um punho livre, fechado e erguido - como tão bem li aí atrás - contra quem quer as nossas mãos para que elas não se dêem entre NÓS, humanos.
Desculpa o relambório em post tão... humano e, como sempre, tão bonito.

trepadeira disse...

Que mais dizer?o poema tem tudo.

Um abraço,
mário

Post scriptum:
Tenho andado muito atarefado com as receitas de fumeiro de minha avó.

O Puma disse...

Se na panela

ao invés das mãos
estivessem orelhas de coelho
o poema seria indigesto

Perdoa o tresmalhe
Bj

Rosa dos Ventos disse...

Estendo-te daqui a minha!
Obrigada pelo poema que não conhecia...tanta coisa que eu não conheço...

Abraço

OUTONO disse...

..e é tão fácil!

R. disse...

Cara Justine,

Muito obrigada por tão simpático e revigorante comentário :) Um bálsamo em momentos de azáfama!

Agradeço-tos e devolvo inteiramente o abraço e o sorriso :)

greentea disse...

achas ????????????????
é impressionante como as pessoas se acomodam no sofá enquanto lá fora ou ali mesmo ao lado passa o frio, a fome , a tortura ... e ninguém se mexe . (só alguns !)

Teresa Durães disse...

há mãos que mordem

augusto, um entre mil disse...

vá,
estão frias as nossas mãos.
vamos aquecê-las
nas mãos uns dos outros.

só é preciso começar...

Duarte disse...

Para ser incompleta, que profunda esta meditação em forma de verso!...
Solidariedade, mas sempre.
Não conhecia e gostei
Um grande abraço, querida amiga

Lilá(s) disse...

É urgente dar as mãos...vamos nessa amiga.
Bjs

~pi disse...

que beleza de gesto...

beijos







~

Graça Sampaio disse...

Muito bonito. Não conhecia este poema. Obriga por mo dares a conhecer. Mas lá que é difícil de conseguir ai isso é...

Beijinhos de mãos dadas.

sandrafofinha disse...

Olha amiga Justine quem me dera a mim que vivessemos num mundo mais solidario e quem me dera que não houvesse tanta guerra e tantos desastres no mundo mas infelizmente a vida não é feita da maneira que queremos,resta-nos aguardar um mundo melhor. beijinhos fofinhos!! espero que a tua familia seja unida e vocês tenham muita paz,são os meus desejos. fica bem querida justine.