Tem sido assim há uns dias, aqui no jardim. Mas parece que é assim desde sempre, por esta altura do ano: a geada toma conta do território durante a noite, e devagar vai-se instalando, silenciosamente. Tudo lhe pertence por algumas horas.
Depois chega o sol, e com a sobranceria que lhe é inerente expulsa-a, conquistando o território que considera seu. A luta é contudo travada sem ira nem violência, e termina quase sem que se repare nela.
Até ao dia seguinte.
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While my lady sleeps, J.Coltrane, Trane's Blues
22 comentários:
Que beleza, Justine!
De palavras, imagens e música...
Por aqui não noto a camada branca porque a "cidade" não a deixa poisar!
Abraço cá do planalto
cá p'ra mim é uma luta a fingir, coisa combinada!
senão havia de haver registo de arranhadelas e unhas perdidas na erva...
marradinhas amistosas da bicharada, um abraço da Humana
Tudo tão lindo!!!!!
Fotos, jardim, música, Palavras!!!!
A geada da minha infância e juventude agora já nem se forma, embora eu continue a morar na mesma zona,dada a sua grande urbanização. Tenho saudades da geada,no inverno, e dos pirilampos, no verão,junto a um ribeirinho que já nem existe.
Um beijo grande de amizade e também pelo teu belo texto.
Palavras mágicas para imagens belas!
Beijinho
Gosto de imaginar essa luta contada por ti, quase se torna poema!
Bjs
Pode ser também um duelo feito dança, em que alternadamente um cede o palco ao outro :) Seja como for, são ambos muito apreciáveis.
Um abraço grato!
Há lutas assim...
Um beijo.
Esta é a luta dos dias que se sucedem. Em que o sobranceiro também é doce e acaricia quem, expulsado, como que se derrete, na certeza de que está no seu tempo e que logo, pela noite, poderá voltar enquanto o sol descansa.
Depois, bem... depois há outras lutas, outras sobrancerias, há violências contra-natura... humana. São as do dia-a-dia, que não escolhem nem manhã nem noite.
Gostei muito, muito mesmo, só tropeçando no qualificativo de "sobranceria inerente" para este sol tão suave, tão doce, tão nosso...
Obrigado pelo bocadinho de prosa, pelas belas vistas e bons sons.
E é um espetáculo ma-ra-vi-lho-so.
Beijos de quem está "fritando".
Nunca pensei que um dia diria isso, mas senti saudade da geada. Do cheiro das manhãs geladas. Logo me lembro dos pequenos com pouca roupa chegando para a aula e a saudade se vai.
Aqui estamos suando em bicas!
Abração.
Este último comentário fez-me regressar ao meu, desejando acrescentar-lhe que, de facto, a beleza da geada não se compadece com o frio das crianças sem roupa nem alimentos.
Obrigada, amiga Clarice, por me teres dado esta oportunidade.
Um beijo.
É um Janeiro lindo!!!!
Com que beleza o teu olhar desperta e com que amenidade adormece...
Beijnho
a natureza está sempre viva!
E o sol que derreta a geada e a geada que queima a relva que, coitadinha fica toda amarela. Valha-nos a promessa de melhores dias e de chuva, que tsnta falta está a fazer.
Bonitas as tuas fotos.
Pé ante pé
rodeando as árvores, esse sol, esse gato, esse branco, esses olhares
as lembranças de terra-chão
tão iluminada
Bjs
Que bonito! As fotografias estão um espanto!
... e tudo retoma a normalidade!
Apesar de tudo...
Estou a comentar este teu post depois do que comentei acima...
Há dias em que nem a normalidade nos parce aceitavelmente normal!
É assim a vida, feita de dias passados e de dias seguintes. Resta-nos a beleza do que fica ou do que espreita pelas frinchas de um tempo futuro.
Tão bonitas estas fotografias!
... oxalá que pudéssemos agir assim, o pacifico faz que a vida deslize prazenteiramente...
Um abraço imenso
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