Quantos seremos?
Não sei quantos seremos, mas que importa?!
Um só que fosse, e já valia a pena.
Aqui, no mundo, alguém que se condena
A não ser conivente
Na farsa do presente
Posta em cena!
Não podemos mudar a hora da chegada,
Nem talvez a mais certa,
A da partida.
Mas podemos fazer a descoberta
Do que presta
E não presta
Nesta vida.
E o que não presta é isto, esta mentira
Quotidiana.
Esta comédia desumana
E triste,
Que cobre de soturna maldição
A própria indignação
Que lhe resiste.
Miguel Torga
6 comentários:
Aromas de Torga.
Pois, por um já valeria a pena.
Tenho sempre dificuldade em classificar (em mim) este Homem grande da escrita portuguesa. Como certo estava e tão difícil era, em convivência terrena.
Há caminhos que descobri, por ele, há décadas.
Sabes que na sua terra lhe fui visitar o túmulo? Apenas curiosidade e respeito.
Bjs
Miguel Torga além de nos deliciar faz-nos pensar!
Abraço
Não conhecia este poema.
Gostei de o ler, MJ.
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Pois... escolha de um poema bem adequado à época que vivemos.
Torga não precisa de música, embora a música seja sempre precisa, sobretudo a que é sempre tão escolhida!
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