Dizem-nos que viviam em harmonia na mesma aldeia, em comunidade homogénea, os vizinhos cipriotas-gregos e cipriotas-turcos, apesar das diferenças de língua e religião. Agora falam-nos de cipriotas-gregos que tiveram de abandonar as suas casas, partir para sul e recomeçar vida. Falam-nos ainda, em surdina mas não resignados, de muitos vizinhos desaparecidos .
Chipre, país ferido.
Sabe-se que a ilha é rica. Pela sua posição estratégica, pelo clima, pelo cobre, pelo gás natural e, agora, pelo petróleo. A imensa, incalculável riqueza cultural não é, neste contexto, relevante. Transformaram a ilha numa zona off-shore, onde todas as marcas sonantes internacionais marcam presença na paisagem urbana, num arremedo de montra triste e cosmopolita. E sabe-se que estas coisas de riquezas e ocupações andam ligadas e mal começaram.
Chipre, país cobiçado.
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Nocturne No.20 "Reminiscences",F.Chopin (Maria João Pires)
25 comentários:
Fico à espera de mais. Porque de Chipre conheço nada e tu contas de uma maneira tão bonita...
Não conheço Chipre, apenas alguma da história da ilha ocupada.
Beijinhos
Doloroso um país dividido, ocupado...
cobiçado!
Fico como a Maria...à espera de mais!
Abraço
Não sabia essa do off-shore que, penso, explica em parte o drama que os "fora" internacionais silenciam.
Que linda e triste maneira de nos relatar a ocupação em Chipre, acompanhada por uma música totalmente adaptada à descrição.
Um abraço muito grande.
Chipre,as suas riquezas naturais e a cobiça do imperialismo.
Vamos ficar à espera de mais textos, tão cheios de poesia.
Velas fotos.
BJS,
GR
Assim vimos e ouvimos. E mais.
E gostei de te ler. E mais gostarei.
Especialíssimo este teu olhar/pensamento, Justine. A beleza de como vês e sentes. A música de Maria João Pires aqui um misto de consolo e de tristeza.
A obsecação política leva a estas situações... e é a prova provada que ainda não ultrapassamos a fase de bichos!
As fronteiras são sempre dolorosas, mas são trágicas quando se erigem e dividem o que antes estava em harmonia e separam o que antes era junto e segregam o que era idêntico.
Espero que tenha sido boa a estadia.
QUE ESTRANHAS FORMAS DE VIDA (CO)EXISTEM AGORA ... seja em Chipre , na Grácia , no Portugal de 2011 e por esse mundo fora.
Que bom ouvir Chopin e Maria João!
Boa noite, Justine
Estamos no Sec. XXI e ainda não parece ser possível deitar abaixo alguns muros.
Ainda há países que têm necessidade absoluta do inimigo perene para (se) afirmarem uma certa hostilidade.
Bjs
E é como bem dizes, cara Justine: a tamanha ocupação soma-se o silêncio cúmplice da comunidade internacional, demasiado comprometida com a manutenção egoísta de interesses próprios. Uma comunidade tantas vezes hipocritamente justiceira e, outras tantas, desassombradamente conivente com a injustiça. Não há dúvida que é de paradoxos que se faz o mundo.
Um abraço grato pelo alerta e pela partilha.
Na verdade
aqui
não somos um deserto isolado
Que desejo e saudade de a ouvir em Belgais.
Também quando escorraçam os nossos,mesmo os melhores,estão a erguer fronteiras.
A ganância acabará por matá-los,espero.
Um abraço,
mário
triste demais!
belo demais, o que nos deixas aqui!...
beijocassss
vovómaria
Quando por lá estive, e enquanto jantávamos ao ar livre, passou uma pequena procissão. Várias mulheres e alguns homens empunhavam velas e fotografias de familiares desaparecidos. É algo que nunca mais se esquece, são rostos que nunca mais nos saem da memória.
Amargos, dizes bem.
Um abraço.
Mais uma vez política, religião e ganância criam o horror e a tristeza.
Um belo modo de apresentar a situação tão triste, com fotos significativas e informações nem sempre lembradas.
Esse Noturno do Chopin é apropriado demais ao tema.
Bom final de semana.
o nosso mundo ainda esta cheio de hipocrisias, apesar de ligeiramente escondidas
Bjinhos
Paula
Não conheço Chipre, apenas vou lendo umas coisas.
Bjs
Chipre, país cobiçado...
com esta frase respondeste a tudo, infelizmente é mais do mesmo!
É uma lacuna no meu roteiro. Visita provavelmente adiada para uma próxima encarnação...
Ilha de culturas cruzadas, antigas - e um muro. Da hipocrisia dos povos comprometidos.
Lembro-me de um refugiado cipriota em Londres me ter dito com um certo rancor: "Por causa da vossa revolução, esqueceram a ocupação do nosso país".
(Eu própria me admirei na altura...)
Venho beber das fontes, literárias e poéticas - mas reais - destas viagens. Obrigada
Sempre os interesses criados pra não permitir que o povo viva placidamente.
No Museo Militar de Atenas esta historia das guerras vive...
Um grande abraço
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