domingo, 10 de fevereiro de 2013

À Beira de Água

 
 
Estive sempre sentado nesta pedra
escutando, por assim dizer, o silêncio.
Ou no lago cair um fiozinho de água.
O lago é o tanque daquela idade
em que não tinha o coração
magoado. (Porque o amor, perdoa dizê-lo,
dói tanto! Todo o amor. Até o nosso,
tão feito de privação.) Estou onde
sempre estive: à beira de ser água.
Envelhecendo no rumor da bica
por onde corre apenas o silêncio.
.
(in Os Sulcos da Sede, Eugénio de Andrade)
 
.
 
Nocturno para piano nº21, B 108, F. Chopin (MªJoão Pires)
 


20 comentários:

Graciete Rietsch disse...

Apenas uma palavra, BELEZA,BELEZA,BELEZA.
Tudo belo. Foto, texto, música e o teu blog.

Um beijo.

eu disse...

... a envelhecermos no rumor da chuva nas claraboias assim apenas sublinhando um silêncio tão nosso.

(de vez em quando uma bátega, um grito vindo de dentro de nós, um beijo)

greentea disse...

há dias assim, há dias de amor triste, há dias de amor feliz, radeante.
A chuva de hoje não é propicia a grandes euforias, traz mais melancolia como a musica da Maria João

jrd disse...

À beira da mágoa a dor é liquida na poesia de Eugénio.
Um belo poema.

lino disse...

Grande poeta, o Eugénio!
Beijinho

Lilá(s) disse...

Hoje estou assim, tão melancólica como o poema! mas amanhã é outro dia...
Bjs

Maria disse...

Ler Eugénio a esta hora é o mesmo que dizer que levo para a cama um livro dele...
Quanta sensibilidade e beleza, Justine!

João Roque disse...

Desde que estou cá longe. tenho visto muito superficialmente os blogs que habitualmente sigo, e já é o segundo a presentear-me com um belo poema de um dos meus poetas preferidos - Eugénio de Andrade!
Muito obrigado.

Licínia Quitério disse...

Desta água sempre beberei.

Anónimo disse...

Belíssimo!

anamar disse...

E com a leitura de Eugénio e Maria João Pires vou abalar para a caminha.

Mas deixo o beijinho de amizade e da boa educação.

Ana

São disse...

Sempre considerei Eugénio um enorme poeta.

Gostei também da foto e da música.

Abraço grande

M. disse...

Lindíssimo!

Mar Arável disse...

Foi com Eugénio
que aprendi a respirar
por guelras

Duarte disse...

Lindo!!!
Grande!!!
Quando os silêncios dizem tanto... nos estanques das longas esperas.
Uma braço bem grande, querida amiga

OUTONO disse...

...belas leituras...

bettips disse...

Todo o amor, antes, depois, o que nos fez sorrir na mocidade, o que nos faz nostalgia na velhice, um lago de sulcos.
Tão belo que até dói.
Bj

Humana disse...

que eugénio de andrade, choin e sua intérprete me perdoem: hoje basta-me a contemplação dessa foto.

Anónimo disse...

Alguem me pode intrepetar este poema??? urgente

Anónimo disse...

Alguem me pode intrepetar este poema??? urgente