Não se aprende grande coisa com a idade.
Talvez a ser mais simples,
a escrever com menos adjectivos.
Demoro-me a escutar um rumor.
Pode ser o prelúdio tímido ainda
do cantar de um pássaro, uma gota
de água na torneira mal fechada,
a anunciação do tão amado
aroma dos primeiros lilases.
Seja o que for, é o que me retém
aqui, me sustenta, impede de ser
uma qualquer vibração da cal,
simples acorde solar, um nó
de luz negra prestes a explodir.
Eugénio de Andrade, in O Sal da Língua
Serenade no.3 in D Major, RV203, Mozart
9 comentários:
E lá no todo, uma rola que, impertérrita, admira o horizonte pasmada, que nem pressentiu o disparo...
Do Eugénio que posso dizer?! Que foi, sendo, um dos mais grandes.
Abraços de vida, querida amiga
Sempre apreciei Eugénio...
Bom serão e um beijo :)
Que magia na poesia de Eugénio de Andrade! E como concordo com o que aqui diz!
Muito bem escolhido. Beijinho.
Eu acho que se aprende tanto com a idade. Também há quem não aprenda nunca, é verdade, mas esses são pequenos pontos escuros num dia luminoso.
Gosto da tua foto.
É verdade que não se aprende grande coisa com a idade; apreciar as pequenas pitadas não é coisa de monta, é sabedoria, uma forma total de religião.
Eugénio é sempre Eugénio... embora neste caso eu ache que se aprende sempre todos os dias. Muito mais com a idade...
Abraço em dia de chuva e de preguiça.
Se adoro EA!
~~~
~ São sempre agradabilíssimos momentos de leitura.
~~~ Beijinho grato pela lembrança. ~~~
~ ~ ~ ~ ~ ~ ~
Muito bonito. Tudo.
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