No meio de uma cratera com 9 quilómetros de diâmetro, à nossa volta a violência dos picos e as chaminés do vulcão, que quase ainda vemos deitar fumo.
E fica-se pequenino e insignificante perante as forças incontroláveis das entranhas da terra.
Nem todos. As mulheres e os homens foguenses não ficam. Eles assistiram à submersão pelo fogo líquido das suas casas, dos seus animais, das suas sementeiras. As mulheres e os homens foguenses viram as suas vidas serem enterradas pela fúria do Homem Grande. Depois, com serenidade e doçura fizeram o luto, choraram a perda, e recomeçaram.
Os cabo-verdianos enfrentaram as secas trazendo chuva para cima das suas ilhas; enfrentaram a fome cultivando sobre pedras; resistiram à malária e à colonização. Não é um mero vulcão em fúria assassina que os vai fazer arredar pé!
No seu modo sereno e doce de ser, as gentes da Ilha do Fogo são uma lição de vida.
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In your own sweet way, Miles Davis
13 comentários:
Olá Justine!
Que grandeza do povo cabo-verdiano e sua bela natureza!
Já li e vi sobre esta terra e sonho um dia poder conhecer... As ilhas são de uma beleza única e inconfundível,cada uma a sua maneira, cada uma mais bela, mais doce, mais selvagem.
Belo lugar para se passar um bom tempo, não!
Grande beijinho
Bia
www.biaviagemambiental.blogspot.com
A Natureza é o que é, mas arrogância é bem um adjectivo que nos descreve a nós relativamente a ela.
Os cabo-verdianos enfrentaram o colonialismo tal como "nós" o enfrentámos. Sobretudo enfrentaram a segregação. A segregação existia também cá, ainda que a quantidade de melanina na pele aqui na "metrópole" não fosse a característica óbvia. O povo cabo-verdiano feito de povos de todo o lado, em Portugal, hoje, continua a viver em ilhas. São ilhas que não visitamos voluntáriamente. O povo cabo-verdiano em Portugal está oculto no interior das cozinhas onde se faz comida regional portuguesa, o seu esforço está nos viadutos onde circulo, nas estradas por onde me desloco, nos edifícios que frequento, nos espaços limpos onde permaneço, na música que me repousa ou me desperta. O povo cabo-verdiano é o povo a que pertenço, veio de uma região que não conheço, de terras onde nunca fui e nunca poderei ir por serem fantásticas.
Ah... como esperava ISTO!!! Esta força que deles nos trazes!
Esta brava paisagem de insistir em viver.
Abraço
Estava a ler e ia pensando. Talvez na insensatez de construírem de novo no mesmo sítio. Continuei a ler. Calei a minha voz interior com o fim do texto. Sim, não será um mero vulcão!
Que texto lindo! Fiquei emocionada.
Preciso, depois disso, confessar uma paixão que tenho: vulcões. Não sei ainda expressar o que acontece comigo quando assisto na Tv a Terra devolvendo o que engoliu ou recolheu do espaço. Deve ser alguma coisa atávica, mas deixo de ver qualquer coisa para assistir histórias-mesmo as tristes- e documentários, quando se trata de vulcões.
A persistência da raça humana apesar e por causa deles é muito bem retratada por você. Realmente as fotos ficaram ainda melhores com tuas palavras cheias de sentimento.
Grande abraço.
Impressionante!
Estava para ir à ilha do Fogo com uma amiga , quando a tragédia aconteceu.
Os meus respeitos a quem resiste.
Para ti, voto de alegre Carnaval
De resistência também os portugueses podem falar. Alguns...
De descoberta e coragem, também. Alguns...
A História é feita de resistência, de descoberta,de coragem dos povos. Não de heróis, reis, santos e vilões.
E o povo caboverdeano - até por más razões e piores objectivos (de outros)- é um exemplo (não exemplar), é um modo (não um modelo), é um arquipélago (não ilhas).
companheiro e "basofo" do teu texto e fotos.
Esta ilha cabo-verdiana não conheço mas, pelo que me é dado ver através das tuas fotos e comentários, já lá devia ter ido.
Boa semana
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Excelente
e tocante a tua reportagem...
Tem sido assim: nem todos partem...
Há sempre os (ihéus) que resistem...
~~~ Beijinhos amigos. ~~~
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A vida dessa gente, considerando o tempo presente, deve ser coisa bem árdua!
Saudações poéticas!
Esmagadora , a paisagem.
E, a beleza das tuas palavras.~~
Beijinho grande, :)
As tuas palavras são um hino à coragem dum povo que renasce das cinzas. Que é delicado mas forte, verga mas não quebra. Admiro essa gente de sorriso fácil.
Bonitas fotos, Justine.
Resistir, sempre, ir mais além das adversidades que nos invade o dia a dia.
Toda uma lição de vida. Não conheço, e deixas-me intrigado.
Gostei, e muito, da exposição que nos deixas.
Abraços de vida
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