domingo, 11 de junho de 2017

Eugénio e os gatos

 
 Em estilo amável

Chega ao fim o verão, resta-me agora
a poesia a caminho da prosa.
pelo lado matinal
um gato pé ante pé aproxima-se
de um pardal saltitando
entre as folhas amarelas. "É o meu coração,
a luz é o meu coração", diz ele, e salta,
voa na tarde. O mar
recua, uma criança vem vindo pelo molhe,
canta canta por cantar.

Um velho traz o céu
azul pela mão, olha de soslaio
os rapazes ao passar. Afável,
distraído, simples de espírito,
Como deus. E como eu.

(Eugénio de Andrade in Os Dóceis Animais)

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6 comentários:

Luis Filipe Gomes disse...

É um poema enigmático como os gatos e o Bill Evans.

Majo Dutra disse...

Gatos, crianças, velho e poeta,
todos em divina harmonia...
Gostei muito, MJ.
Dias ternurentos...
Ronrrons...

jrd disse...

O Poeta gostava de gatos e de Bill Evans não ninguém que não goste.

Graça Sampaio disse...

Que lindo!!! E que linda a imagem!!

Beijinhos e ronrons...

da casa disse...

É lindo. Tudo. E está descansada que não digo nada ao Mounti desta tua fotografia e simpatia por gatos pretos.

Clarice disse...

Tudo muito bem selecionado. Gostei das palavras de Eugênio. Tanto mistério exposto.