quinta-feira, 24 de abril de 2014

ABRIL


 
Esta é a madrugada que eu esperava
o dia inicial inteiro e limpo
onde emergimos da noite e do silêncio
e livres habitamos a substância do tempo.
 
(Sophia de Mello Breyner Andresen, in O nome das Coisas) 
 
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Verdes Anos, Carlos Paredes
 
 


terça-feira, 15 de abril de 2014

Le temps des lilas


Começa assim. Sem pressa, quase timidamente.
A fazer-nos esperar.

 
 Uma semana depois já dá sinais do que em breve nos vai oferecer

E agora, em pleno temps des lilas,
a nossa glicínia,
 no seu esplendor de cor e perfume.
Aceitam-se visitas. Gratuitas.
Para quem não acredita que ainda há paraísos...
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Spring is here, Bill Evans Trio

domingo, 6 de abril de 2014

Território Privado


 Hummm, parece-me ouvir alguém estranho,
 ali fora no jardim...


Deixa-me lá ver o que se passa...
 é preciso manter o respeito pela propriedade privada!


 Um melro a tomar banho no meu bebedouro??
Era o que faltava! Eu já lhe digo...


Olha, fugiu... mas não perde pela demora,
o atrevido!
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In your own sweet way, Miles Davis

sábado, 29 de março de 2014

Os Lugares


Os lugares
 
Os lugares são
a geografia da solidão.
São lugares comuns a casa a cama.
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(Segunda Pessoa, in Todas as Palavras, poesia reunida,
Manuel António Pina)
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(foto de NL.)
 
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Nocturno nº20 (Reminiscence), B.49, F.Chopin (Maria João Pires)
 


domingo, 23 de março de 2014

Pintores anónimos





Alguém anda a pintar o jardim. Uma pincelada de roxo aqui, um pingo de amarelo ali,
 uma mancha de fúchsia acolá,
 e mais além um risco de branco.
Alguém - quiçá os mesmos - anda também a enfeitar as árvores com pequenos balõezinhos rosa-e-branco!
O jardim mostra, à luz inesperada
 deste sol tão desejado,
 um rosto estimulante e jovial.
Sei que este rosto não é perene, mas ao menos
que seja infinito enquanto dure!
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Valse Brillante, Op.34/1 B94, F. Chopin (Vladimir Ashekenazy)

segunda-feira, 17 de março de 2014

Tempo de reflexão


O Homem e a Natureza. O Homem na Natureza.
O Homem, partícula ínfima da Natureza.
 
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(Foto de N.L.)
 
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Lyric Waltz, Jazz Suite No.2, Dimitri Shostakovich (Royal Concertgebouw Orchestra)

 
 
 
 
 


domingo, 9 de março de 2014

O corpo


O corpo é esbelto, flexível, suave. Pode ser sombra ou luz.
Pode estar tenso agora, e relaxado no momento seguinte.
Os movimentos são elegantes, ora lentos ora rapidíssimos.
Mas sempre elegantes.
O andar é silencioso, doce como veludo, ou como água a correr.
Ou então é um andar agressivo, orgulhoso, de senhor e dono.
É um corpo perfeito. É o corpo do meu gato!
 
(in PpP)
 
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In your own sweet way, Miles Davis