Entrei tranquila e curiosa na sala grande. Porque de longe a multidão me pareceu simpática e acolhedora, conversando e rindo em posições amigáveis.
Fui vagueando cada vez mais atónita por entre aqueles rostos impassíveis e indiferentes à minha presença, sentindo-me pouco a pouco inquieta, intrusa, isolada. Quase cercada. Como se tivesse devassado o encontro de uma sociedade secreta. Como se estivesse à beira de um perigo.
Incapaz de comunicar com aquele grupo coeso, cúmplice, poderoso e dominante, saí quase a correr, tentando não resvalar para um medo irracional.
Tal o poder das esculturas de Juan Muñoz.
(quero acreditar que outros visitantes da exposição tenham feito uma leitura diferente...)
.
(Nocturno de Chopin, por Maria João Pires)
44 comentários:
Um bom trabalho escultórico.
Ainda que as expressões são afáveis evidentemente impõem.
:))
Um abraço
POderosa! Poderosa essa tua capacidade de penetrar nas "coisas"!
beijinho
fantástico!!!!
adorava ter visto in loco !
beijocasssss
vovó Maria
Xiii!
Olha Justine,
como eu te percebo. Embora eles estejam a sorrir, eu também me tinha pirado. Este tipo de esculturas oprime-me.
Beijinhos
Ps: tenho que te esclarecer uma coisa.O puré de batata doce de que falo não dá para fazer cá, porque não são de batata doce como a nossa. Também há lá destas, mas não é com estas. É com uma outra qualidade. São umas que descascadas são cor-de-laranja e docinhas e é dessa cor que fica o puré. Já procurei cá por todo o aldo e não encontrei.
Se encontrares avisa, pse.
Beijokas
Isto é assim a gente a pensar que. Os tais bonecos do tal Muñoz não me parecem uma sociedade secreta. Nem uma sociedade. Nem uma secreta, já agora (e, apesar do formalismo hipersimétrico desta última frase que me agrada sobejamente, sobeja-me a sensação que talvez seja oca de sentido, e o "talvez" é uma expressão piedosa para me deixar intacta a auto-estima).
Mas acontece que tenho por hábito ler também os comentários. E, salvo qualquer leitura apressada ou abuso de interpretação, fiquei a perceber que os tais bonecos são de puré de batata doce.
Daí a minha confusão.
Ou, talvez, não.
Olá Justine
Agora reparo que as figuras não têm pés.
As fotografias que as reportagens editaram nos jornais não deram relevo a esse detalhe.
Ele ineressa-me por me parecer que a montagem que faz variar é o rosto, todas as formas de rir e sorrir possíveis.
Quando nos rimos, rimo-nos do quê, de quem, de que relação?...
Bjs
Não sei a sensação que teria ao visitar esta exposição...
Beijinhos.
Não sei o que sentiria se entrasse assim, como tu, para o meio deles.
Intimidada? Se calhar...
Acho que me agrada mais passear no meio de gente quente....
:)))
Estás muito, muito perto do que eu senti quando lá entrei, e olha que o Nocturno de Chopin que escolheste para este post cai na perfeição quando por ali deambulamos.
quem e dera ver la no local
Jokas
Paula
Justine,
obrigada pela dica.
Nunca fui mas irei.
Por tua causa vou engordar uns bons quilinhos:)
Beijinhos
que seria da vida sem arte
Jokas
Paula
Espero puder visitar...
Obrigada!
Gostei (muito!) de ler a tua leitura da exposição (e de ver as fotos e de ouvir Maria João Pires).
Mas... mas fiquei na dúvida se me sinto atraído a ir ver (e sinto) ou se me tiraste o desejo de lá ir (e sinto-o).
A ver vamos... se for.
E, claro, como sempre li os comentários e fiquei baralhado, perdão, embatatado...
apetece dançar en
tre,
jogar ao esconde-esconde!! :)
beijo
~
As tuas fotos são tão imponentes como a grande exposição.
Serralves, como gostas da harmonia e beleza.
Bjs,
GR
uma exposição bastante curiosa. infelizmente serralves está distante
Que espectáculo! Eu punha-me logo à conversa com eles e dava post!
Imagino a algazarra se o sorriso fosse sonoro!
Estarão ganzados?
Está-se sempre a aprender, que é como quem diz. Afinal, os muñecos não têm pés. E são a exploração ad nauseam do sorriso possível.
Kum kaneco! Estão mesmo ganzados!
Cá para mim eles deviam era rir... sem pés nem cabeça.
Cadê a Maria João, que não a vi lá?
Não vi a exposição. Possivelmente sentiria como tu, só não o saberia descrever desta forma como o fazes!! Excelente. Beijos de bom fim de semana.
entendo-te perfeitamente
beijos e bom fds
Talvez tantas leituras quantos os observadores...
Um beijo.
Tenho de lá ir fazer a minha leitura!
Que coisa formidável. Julgo perceber o teu "terror". Muito gostaria de ter estado entre essa "gente anónima" para, possivelmente, dela também fugir.
Beijinho.
Não faço a mínima ideia da reacção que teria ao deambular no meio de estranhos sorridentes, coniventes entre si...
Mas que gostaria de ir a Serralves, gostaria!
Abraço
la soledad cercada por la callada multitud, interesante esperiencia
muy logradas las fotografias
que pases un feliz fin de semana
saluditos
Penso que também me sentiria estranha...
Mas, o trabalho é fantástico!
Beijos de luz e o meu especial carinho, Justine!!!
Olá Justine, belas fotografias de belho trabalho escultórico...Espectacular...
Beijos
As fotografias que aqui nos deixou deixam-me com uma enorme vontade de ver.Ainda estará aí pelo Natal?
Fiquei com vontade de ir experimentar. Se for tentarei dizer como senti.
Num mundo ridente e clonado onde não consegui entrar! Parecem-me os accionistas daquele banco das grandes fortunas, aprazando a próxima vaga! Que é uma boa vaga, de milhões, claro!
Boas as fotografias, verdadeiras as sensações, descritas com emoção de me arrepiar aqui. Sentimo-nos a mais naquela afável conjunctura.
Felizmente, há a montra das árvores e outro calor, de cores cereja feito!
(a propósito...não tenho essas...)
Bjinho
Que exposição extraordinária... também não faco ideia do que sentiria, fiquei com uma enorme curiosidade. A minha primeira reacção foi um autêntico regresso à infância, em Macau, para onde fui com quase 4 anos. Voltei quando tinha 7 anos e tive imensa dificuldade em adaptar-me a lisboa, porque achava os portugueses feios e zangados, em comparação com as feições plácidas dos chineses!
Justine,
muito obrigada, por esta partilha! Tantas vezes me apetece ir a "Serralves" ...mas infelizmente não fica logo ali! então agora que «J.M.Vaz» também lá está #residente# em certos dias :)
conhecendo-me, perder-me-ia por largos minutos por ali, por entre-eles, acho que captaria fotografias algo parecidas às da Justine, tomaria algumas notas num qualquer papel... e pronto, ficaria d'alma cheia :)
olhe no passado sábado, também "bebi cultura" nipónica no CCB, um filme e a peça "Senhora de sade" de «Yukio Mishima» que pouco ou nada conhecia, adorei.
bom fim-de-semana
um sorriso :)
mariam
tb me parecem incontatáveis ....
Que pena não ter podido ir contigo.
Estou mortinha por ver esta exposição, mas o tempo tem sido complicado...
Desde a primeira vez que vi um bocadinho da sua obra que fiquei fascinada.
Antecipo o prazer de ver muito mais.
E as tuas fotografias estão muito boas.
Beijos
Claro, com a ida ao Porto, não podia deixar de visitar Serralves.Valeu a pena.Acho que a exposição está muito bem conseguida mostrando em todas as salas aquelas figuras que nos transmitem algo entre o ilusório e o real. Pena que Muñoz tenha morrido tão cedo.
Belas fotos as tuas.
As minhas encolhem-se envergonhadas junto às tuas.
Um óptimo fim de semana e
Sê Feliz!
Percorri a sala sózinho com a tua descrição.
... andei entre eles, cheguei mesmo à fala com alguns (domino razoavelmente o mandarim... aos fins de semana) e constatei que são quase de carne e osso e não de puré de batata doce como algumas mentes mais "perversas" querem fazer crer. Receio também não senti, mas para quem está habituado à "selva citadina do salve-se quem puder", os ajuntamentos de orientais em Serralves são uma brincadeira de crianças.
No fim, solicitei a um deles autorização para fazer um vídeo para o meu blog. Anuiu mas foi-me prevenindo que já lá tinhas estado a fazer fotos com a mesma intenção. Retorqui que a blogosfera é um mundo imenso e que há espaço para todos e mais alguns.
Já nem refiro as coincidências que aqui se passam. Como na vida real.
Despedi-me e ele manteve o mesmo sorriso com que o encontrei.Neste particular é muito mais constante que eu que tenho dias com uma cara de pau que não é brincadeira...
abraços e sorrisos rasgados.
Outros visitantes farão outras tantas leituras. A dúvida é se saberão contá-las assim...
Abreijos
gente viva
ao vivo
procuram-se
E as tuas fotografias dão-nos bem essa sensação de terror que até a esta distância sentimos. E o teu texto pega-se. Impressionante! Nem as vestes diferentes disfarçam a igual expressão humana?
Adorei o que escreveste.
À primeira vista, teria reagido como tu, mas... não sei bem. Tenho lá bem para trás uma ascendência que talvez me fizesse sentir em casa.
Despertaste-me uma terrível vontade de lá ir...
Justine,
...há meses que ando para te visitar :) afinal comentamos tantos blogs em comum, que impossivel seria não reparar nos teus (comentários)...
...e por acaso até me vou identificando com o que escreves, por isso a visita, sempre adiada (até hoje) mantinha-se em lista de espera...
Foi hoje :) e gostei de ver esta exposição no serralves longinquo, vista atraves dos teus olhos...percebo a sensação claustrofobica da ausência de comunicação...
Em comum, também, o gosto pela música "Cry me a river" que só por um triz não foi a escolhida para este ínicio de blog.
Beijinhos
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