Espreitei o que lia o poeta Cavanillas (ou Cabanillas). Eram versos seus. A sua pétrea indiferença não impediu, então, o diálogo possível, e desejado por ele, poeta publicado. Diálogo que este "post" levou o passante, com gosto, a prolongar, através do "google". Vale a pena. Obrigado, D. (ou menina?) Justine
Há silêncios que dizem mais que muitas palavras!!!
Convido-a a visitar o meu mais recente blog: Os meus pensamentos onde decidi divulgar poesias e textos de pessoas que vou descobrindo e que gosto, juntamente com uma foto minha a ilustrar. Faço questão que todas as fotos sejam de minha autoria. Na última semana descobri LYA LUFT e adorei.
Boa semana. Um abraço.
Lembro-me de ti Nesse instante absoluto, A vida conduzida por um fio de música. Intenso e delicado, ele vai-nos fechando num casulo Onde tudo será permitido.
Se é só isso que podemos ter, Que seja forte. Que seja único. Tão íntimo quanto ouvirmos a mesma melodia, Tendo o mesmo - esplêndido - pensamento. Lya Luft
Ironicamente o poeta sorri, é verdade mas, creio que o passante não só está a tentar decifrar a escrita como me parece estar a ver mais qualquer coisa ali deixada por algum passaroco.
Ainda bem que os poetas nos deixam espreitar. Já viram o que seria a vida sem essa generosidade? O instantâneo é uma delícia. No momento certo :) Beijinho.
A fotografia (muito bem conseguida!), fez-me lembrar um outro poeta, Pedro Tamen, que, se me permites, deixo aqui o que recordei...
Amigo, a que vieste?
Onde foste ao bater das quatro horas e, antes, quem eras tu, se eras? Amigo ou inimigo, posso falar-te agora sentado à minha frente e com os ombros vergados ao peso da caneta? Falo-te sobre a cabeça baixa e vejo para além de ti, no horizonte, teus riscos e passadas; mas não sei onde foste, nem se eras. Olho-te ao fundo, sob o sol e a chuva, fazendo gestos largos ou só um leve aceno; dizes palavras antigas, de antes das quatro horas, e nada sei de ti que tu me digas dessa cabeça surda. Não te pergunto pela verdade, que pensas de amanhã ou se já leste Goethe; sequer se amaste ou amas misteriosamente uma mulher, um peixe, uma papoila. Não quero essa mudez de condolências a mim, a ti, ou só à terra que tu e eu pisamos — e comemos. Pergunto simplesmente se tu eras, quem eras, e onde foste depois que se fizeram quatro horas.
Será que não tens olhos? Não tos vejo. De longe em longe agitas a cabeça, mas talvez seja engano. Palavra, não te entendo. Amigo, a que vieste?
seria a fala necessária, minha amiga? por vezes é o silêncio que nos revela maior o espaço partilhado...
beijo, querida Justine
saudades Mel
PS: tenho uma foto idêntica em Stª Cruz, comigo "à fala" com um poeta de bronze. não não me respondeu, mas foram momentos inolvidáveis de crescimento meu...
Quanto mais olho a foto mais tenho certeza de que conseguiram comunicar-se. Dizia o senhor à estátua: Então não te deixaram descansar nem mesmo depois de morrer? Ficas aqui dia e noite a posar para esses turistas? Disse a estátua: Fuja rápido antes que te peguem também! Abração.
Não sei porquê, tenho a sensação que o poeta está a pensar com os seus botões: Podes ler à vontade, mas aquilo que eu escrevi, só eu sou capaz de entender.
E de certeza a conversa seria mauito mais interessante do que as que por aí proliferam e nos magoam os ouvidos. Tão bonito é ver estas estátuas no caminho de quem passa. É como se fossem pessoas caladas.
32 comentários:
Mas para bom entendedor mesmo o silêncio basta! :-))
Abraço
Linda fotografia com boa música a acompanhar. A situação que conseguiste captar é muito interessante.
Um beijo.
Estou convicto que sim
Abraço aos dois
Entender-se-iam, certamente!
Beijinho
Por vezes, os silêncios dizem tudo.
Abraço
O que é maravilhoso é que, mesmo na ausência da fala, se dá a comunicação :)
Um abraço grande.
Espreitei o que lia o poeta Cavanillas (ou Cabanillas). Eram versos seus. A sua pétrea indiferença não impediu, então, o diálogo possível, e desejado por ele, poeta publicado. Diálogo que este "post" levou o passante, com gosto, a prolongar, através do "google".
Vale a pena.
Obrigado, D. (ou menina?) Justine
A curiosidade é sinal (sempre) de vitalidade!
Óptima foto.
Quantas cumplicidades no silêncio.
Um abraço,
mário
Já sei (penso que sei) quem é o poeta.
falta saber o local...
Pinguim: é em Cambados, Galiza, de onde o poeta era nativo!
Há silêncios que dizem mais que muitas palavras!!!
Convido-a a visitar o meu mais recente blog:
Os meus pensamentos
onde decidi divulgar poesias e textos de pessoas que vou descobrindo e que gosto, juntamente com uma foto minha a ilustrar.
Faço questão que todas as fotos sejam de minha autoria.
Na última semana descobri LYA LUFT e adorei.
Boa semana.
Um abraço.
Lembro-me de ti
Nesse instante absoluto,
A vida conduzida por um fio de música.
Intenso e delicado, ele vai-nos fechando num casulo
Onde tudo será permitido.
Se é só isso que podemos ter,
Que seja forte. Que seja único.
Tão íntimo quanto ouvirmos a mesma melodia,
Tendo o mesmo - esplêndido - pensamento.
Lya Luft
De poeta para poeta...economista!
Claro que iriam entender-se muito bem!
Um abraço desde Vila do Conde,
Jorge
Ironicamente o poeta sorri, é verdade mas, creio que o passante não só está a tentar decifrar a escrita como me parece estar a ver mais qualquer coisa ali deixada por algum passaroco.
Bons passeios... e logo com bons encontros, são do melhor que há! :-)
Beijo.
Até lhe podia dizer...
- o Senhor que espreita?
Também sou dessas curiosidades!...
Boa instantânea.
Um grande abraço
Nota-se que o poeta é paciente!
Bem apanhado...
Bjs
é paciente ou sonha tanto que nem deu pelo vizinho?
Não conheço a estátua.
De quem é?
Saudações poéticas!
Ainda bem que os poetas nos deixam espreitar. Já viram o que seria a vida sem essa generosidade?
O instantâneo é uma delícia. No momento certo :)
Beijinho.
Qem não se entende com S.R. ???
Beijocas
Ana
O visitante está a tentar ler o que o poeta escreve. Eu ter-lhe-ia perguntado ao ouvido. Excelente foto.
Até me faz lembrar "alguém" quando vai no metrô e senta-se ao lado de alguém que vai lendo. Discreeeeeta. hehehe
A fotografia (muito bem conseguida!), fez-me lembrar um outro poeta, Pedro Tamen, que, se me permites, deixo aqui o que recordei...
Amigo, a que vieste?
Onde foste ao bater das quatro horas
e, antes, quem eras tu, se eras?
Amigo ou inimigo, posso falar-te agora
sentado à minha frente e com os ombros
vergados ao peso da caneta?
Falo-te sobre a cabeça baixa
e vejo para além de ti, no horizonte,
teus riscos e passadas;
mas não sei onde foste, nem se eras.
Olho-te ao fundo, sob o sol e a chuva,
fazendo gestos largos ou só um leve aceno;
dizes palavras antigas,
de antes das quatro horas,
e nada sei de ti que tu me digas
dessa cabeça surda.
Não te pergunto pela verdade,
que pensas de amanhã ou se já leste Goethe;
sequer se amaste ou amas
misteriosamente
uma mulher, um peixe, uma papoila.
Não quero essa mudez de condolências
a mim, a ti, ou só à terra
que tu e eu pisamos — e comemos.
Pergunto simplesmente se tu eras,
quem eras, e onde foste
depois que se fizeram quatro horas.
Será que não tens olhos? Não tos vejo.
De longe em longe
agitas a cabeça, mas talvez seja engano.
Palavra, não te entendo.
Amigo, a que vieste?
abraços.
jorge
seria a fala necessária, minha amiga? por vezes é o silêncio que nos revela maior o espaço partilhado...
beijo, querida Justine
saudades
Mel
PS: tenho uma foto idêntica em Stª Cruz, comigo "à fala" com um poeta de bronze. não não me respondeu, mas foram momentos inolvidáveis de crescimento meu...
Quanto mais olho a foto mais tenho certeza de que conseguiram comunicar-se.
Dizia o senhor à estátua: Então não te deixaram descansar nem mesmo depois de morrer? Ficas aqui dia e noite a posar para esses turistas?
Disse a estátua: Fuja rápido antes que te peguem também!
Abração.
ramón cabanillas sempre gostou de estar com gente. aqui fizeram-lhe a vontade...
O silêncio , por vezes, é a melhor maneira de comunicar...
Bom fim de semana
Não sei porquê, tenho a sensação que o poeta está a pensar com os seus botões:
Podes ler à vontade, mas aquilo que eu escrevi, só eu sou capaz de entender.
Com silêncio das palavras, também se pode fazer boas reflexões.
Bela foto.
BJS,
GR
E de certeza a conversa seria mauito mais interessante do que as que por aí proliferam e nos magoam os ouvidos.
Tão bonito é ver estas estátuas no caminho de quem passa. É como se fossem pessoas caladas.
Feliz o poeta que desperta a curiosidade do leitor, mesmo depois de tudo, mesmo no tempo do bronze.
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