terça-feira, 31 de agosto de 2010

Vigília

Noite de insónia. Insónia branca, com lampejos escarlate. Sobram-me braços e pernas, não sei onde os hei-de arrumar. A cama é demasiado pequena e um enorme campo de batalha. O tempo escorre-me pelos pensamentos em turbilhão, com ele a minha vida. Exausta, levanto-me aos primeiros sinais da manhã. Lá fora, os sons da cidade a acordar.
A realidade. A continuação da vigília.
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Brandenburg Concerto nº4, Andante - J.S.Bach








34 comentários:

Fernando Samuel disse...

Vigília de todas as noites e de todos os dias...

Um beijo.

Maria disse...

Será este um tempo de insónias?
Porque necessárias são as vigílias?

Um beijo.

Licínia Quitério disse...

Foto-maravilha. Bem o dizes: A insónia é branca, com vermelho à mistura. Bicho persistente, devorador.

Música que adoro.

Beijo.

Rosa dos Ventos disse...

Muito trabalho, muita confusão, pouco descanso mas depois vem a Festa!
E será bonita, como sempre!

Abraço solidário

R. disse...

Interessante a escolha das tonalidades e das metáforas, Justine. Ao que parece, a expressão 'passar a noite em branco' deriva do ritual que antecedia a entronização dos cavaleiros, que deviam passar a noite antecedente acordados e vestidos de branco. Está cá tudo: a cor e as 'batalhas'.
Votos de que as insónias sejam vencidas :)

de la fin du jour jusqu'à laube claire disse...

Tudo acontece no corpo e na cabeça que dele faz parte mas se torna independente, dominatador. Corpo cansado que pede sono que repouse, cabeça incansável a pensar sem repouso.
Bons, os teus retratos sons da insónia, para compensar os seus males. E a vigília da realidade.
E ser a cama demasiado pequena e um enorme campo de batalha, lembra-me Brel e o poema J'arrive (ou será doutro?).

Até logo

Anónimo disse...

A insónia para mim é negra como a escuridão da noite. O Day After um pesadelo de todas as cores.

Sara disse...

Acho a fotografia muito bem escolhida à laia de ilustração da narrativa. Não tanto pelas cores, mas antes pela opacidade aí representada, a qual para mim tanto se associa às malfadadas insónias.
Abraço de cá e votos de descanso(s) mais tranquilo(s).

Há.dias.assim disse...

Passei para dizer olá, espero que as insónias sejam passageiras.

ana disse...

Venho de "Bibliofilia entre parêntesis".

Gostei deste seu texto, da pintura com que o ilustrou, de Bach que adoro. Conseguiu tecer um conjunto harmonioso.Parabéns!

Outro motivo que me levou a visitá-la foi o nome que escolheu para o seu blogue. Li há uns anos o Quarteto de Alexandria, andava na Faculdade, e apreciei sobremaneira a escrita e a imaginação de Durrell. A finura da escolha das quatro personagens e a visão de cada uma sobre a mesma realidade.

Não me lembro com pormenor dos livros mas a memória que guardo é que me deliciou.

Depois desta apresentação só me resta desejar bons sonhos.

Ana

al disse...

Caoticamente bela.
Beijos

Alberto Oliveira disse...

Não tenho insónias. Por vezes, (muitas vezes) acordo durante a noite e de imediato, ponho-me a ler ou a ver um filme. Aposto que se não o fizesse, retomaria o sono. Mas nunca o saberei de facto porque nunca o experimentei fazer. Por via de regra, quando termino a leitura ou o filme, já é outro dia (tendo em linha de conta que o outro dia começa a contar das zero horas) e assim sendo, começo a funcionar como se fosse dia claro, claro (ou claramente como agora se usa e abusa). Pode parecer desajustado no tempo, mas não é. Sendo verdade que às quatro horas de um novo dia ainda não há jornais à venda e os cafés estão fechados, há muita coisa para fazer por essas horas. Posso perfeitamente ir até Santa Apolónia e acordar um sem-abrigo e discutirmos os problemas no Médio Oriente. E até pode ser que o tipo não goste de ser acordado e me queira agredir. E que melhor coisa para começar um novo dia depois de uma ou duas horas de cama? uma cena de grossa pancandaria com os combóios ainda no primeiro sono?

Abraço e sorrisos.

GR disse...

As insónias ajudam-nos a reflectir.
A foto está magnífica.

Bjs,

GR

Duarte disse...

Gosto imenso do modo como escreves e, sobre tudo, do dominio da palabra, da dona metáfora.
Tudo é fruto das inquietudes e excesso de trabalho. Amiga, tudo passa e o bom seria que nao deixasse esquela, isso espero!

Um grande abraço, "amiga del alma"

Pitanga Doce disse...

Noites brancas, loongas, sem volta...

anamar disse...

Hoje, séxta, vale a pena uma noite branca... as outras, que vão às urtigas.
:))
Beijinho amiga
"from Figueira"

casa de passe disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
casa de passe disse...
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casa de passe disse...

é impressão minha ou esta casa está diferente? ainda mais bonita. não sei, por vezes a idade avançada já me prega partidas e não consigo já perceber o que é ou não real.

minha senhora, sei bem o que são noites em que os pensamentos nos levam para tempestades que nos impedem o sono.

possamos ao menos erguer-nos embora exaustos e ver os as cores de caleidoscópicos papagaios como aquele que aqui nos é oferecido.


Ernesto, o avô

João Roque disse...

Eu nunca tenho insónias; simplesmente ao fim de 3/4 horas acordo e tenho que me levantar, fazer algo e voltar para a cama, dormir o resto...

Anónimo disse...

A ideia de um poliedro para ilustrar a vigília parece-me feliz.
Ao menos amenizou-a?

Bjs

mixtu disse...

quando sinto que a cama é pequena... vou até ao sofá

abrazo serrano

MagyMay disse...

Batalhas que conheço bem.
... brancas, vazias ou cheias mas pela manhã sempre o ricochete....

Um abraço muito apertadinho, Justine

segurademim disse...

uma exposição no MAC, recente

apresentava obra de ver e esconder, jogava uma vida presente ausente uma vigilia e um sono profundo

sobe e desce sai e entra claro e escuro
a natureza das coisas ou as coisas da natureza? interessante o arquipélago da insónia...

Lilá(s) disse...

Não gosto de insónias, quando as tenho alteram-me completamente e quando sinto os sinais da manhã acaba por ser alivio...
Beijos

mdsol disse...

Como te entendo e que bem que dizes.
Beijinho
:))

Barbara disse...

A "tagarelice" da nossa mente é um problema.
E outro
E mais outro


Tente não querer resolver nenhum.

Sofá Amarelo disse...

Convém estar sempre de vigília mas que essa vigília não se confunda com insónias brancas que devassam o tempo e acordam aos primeiros sinais da manhã....

Heduardo Kiesse disse...

o sono nem sempre vem, mas surgem as palavras!



um beijo do miudo


:-)

Anónimo disse...

Olá Justine!
Foi mesmo um prazer conhecer a menina,adorei.Foi um almoço/tarde muito boa, soalheira,com convívio divertido,com vocês as 3, meninas inteligentissimas e interessantissimas :) Como escrevi no blog da Rosa, aqui repito o convite: um dia,almoço ou jantar aqui em casa em Viseu,eu cozinho entradas,prato principal e sobremesa e as meninas trazem o chá, o café e o vinho ;)
Bom fim-de-semana

Jocas gordas
Lena

Formiga disse...

É pena que certo tipo de gente não tenha insonias, pois poderiam reflectir sobre o mal e insonias que provocam a muita boa gente; Gente essa que tem insonias porque precosam de reflectir sobre o dia seguinte, e a forma como vão arranjar comida para alomentar seus filhos...
Felizmente sou um privilegiado, porque as insonias não querem nada comigo...

bettips disse...

Sonhos quebradiços
estilhaços
para um vidro de viver vida!
Levantar-se com a insónia dos bichos na Natureza.
Bj

M. disse...

Belíssimo este diálogo entre palavras e fotografia.

jawaa disse...

Bela fotografia e palavas a condizer.
Lindo, Justine.