CERCO
O corpo começa a consentir,
ceder, abrir fendas
com as chuvas altas,
a mostrar, quase exibir
velhas raízes, rugas, mágoas,
a secura próxima dos galhos;
o corpo, sim, ele que foi afável
e crédulo e solar - tão
indiferente agora às matinais
e despenteadas vozes:
distante e tão cercado
de apagadas águas.
(Rente ao Dizer, Eugénio de Andrade)
.
E la nave va, Anouar Brahem
16 comentários:
E que nunca te canses de o partilhar aqui...
Só o Eugénio conseguia descrever assim o passar do tempo.
Música,que felizmente volto a ouvir, a condizer.
Um beijo.
"Rente ao dizer..."
na raíz do sentir
ao rés do chão
no resto... sempre com a alegria de vivo estar
Podes sempre trazê-lo, pois é um prazer ler Eugénio.
Boa semana
Um dos meus poetas de eleição!
Beijinho
Mesmo que o poeta o tenha dito, as suas palavras nunca estarão gastas.
On s´habitue, ma chérie!
Bisous
Mais um fazedor de emoções com palavras, que eu não conhecia.
Muito triste esse modo de encarar o envelhecimento. É um tempo de serenidade, memórias e doces prazeres em oposição às fortes ondas, aos rebuliços e adrenalina.
Boa semana e um abraço.
Grande, imenso, sempre com o verso apropriado, mas melancólico, como a sua vida.
Sabes que gosto.
Também dos teus dizeres, querida amiga.
Um abraço bem grande
o corpo sofre tantas e tantas alterações , Justine !!
depis de uma magnifica semana de praia, este poema e perfeito
Jinhos
Paula
Cada vez mais, gosto do Eugénio.
Já sinto lá fora o cheiro a molhado que anuncia o Outono.
o Poeta que se deu à cidade que não lhe dá merecimento.
abraço.
jorgesteves
ceder, abrir fendas
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Direi que é o começo do fim.
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Felicidades
Manuel
Beijo de amizade.
Bom fim de semana, Zé.
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